José Genoino: "Chegou a hora da inflexão à esquerda do governo Lula"
Para o ex-deputado, governo precisa endurecer o discurso e enfrentar o tripé "mídia comercial, centrão e mercado financeiro"
247 – Em uma entrevista concedida à TV 247, o ex-deputado federal José Genoino fez uma análise contundente do cenário político atual, defendendo uma "inflexão à esquerda" na governabilidade do presidente Lula. Para Genoino, o governo está sob um "cerco" imposto pela mídia comercial, pelo mercado financeiro e pelo Centrão, que ele classifica como o "trio da maldade".
Segundo ele, o Congresso Nacional, especialmente o Centrão, "rasgou a fantasia" e não há mais cooperação. "O Lula está sendo, na verdade, cercado pelo Centrão, que rasgou a fantasia, não tem mais cooperação. Ele está sendo cercado pelo mercado financeiro, por essas pesquisas que a gente está vendo aí agora", afirmou Genoino.
A linha política e o enfrentamento necessário
Genoino enfatizou que a estratégia de governar apenas com diálogo e conciliação é um equívoco diante da atual crise sistêmica, que inclui ameaças de guerra, concentração de riqueza e a atuação de uma "classe dominante" que se recusa a fazer o ajuste fiscal incidir sobre os mais ricos.
"Achar que a gente vai governar só com diálogo, só com conciliação, só com negociação é um equívoco. Nós temos que fazer isso, mas fazer enfrentamento, dialogar com a população, colocar a pauta que diz respeito aos interesses do povo", declarou. Ele reiterou a necessidade de uma inflexão no modo de governar: "Eu acho que o governo Lula tem que fazer uma inflexão no modo de governar. Sem enfrentamento, sem polarização, nós vamos ser confundidos com um governo fraco, um governo dividido."
O ex-deputado também destacou a importância de o governo se posicionar de forma mais ofensiva na comunicação, para não ser confundido com um "vazio político" que poderia abrir caminho para uma candidatura de extrema direita em 2026.
Críticas ao "pesquisismo" e à mídia tradicional
José Genoino fez duras críticas à proliferação de pesquisas eleitorais e à atuação da mídia comercial. "Para mim não existe pesquisa neutra nem mídia neutra", sentenciou. Ele argumenta que o excesso de pesquisas visa a criar um "bolsonarismo sem Bolsonaro", com nomes como Tarcísio de Freitas sendo impulsionados para preencher o vácuo político de uma eventual inelegibilidade ou prisão do ex-presidente.
Sobre a mídia, Genoino foi enfático: "Os veículos da mídia comercial são guardiões do simulacro, são os partidos da ordem neoliberal, são os partidos do imperialismo." Ele sugere que o governo não deve ter "nenhuma ilusão" com esses veículos, defendendo que é preciso apostar na mídia progressista e independente, utilizando a mídia tradicional apenas para pronunciamentos obrigatórios.
O papel do PT e a mobilização popular
Para o ex-deputado, o Partido dos Trabalhadores (PT) e os partidos de esquerda precisam romper com a "ividade" e o "medo", mobilizando-se nas ruas e articulando um bloco na Câmara para o enfrentamento. "Não adianta ficar só no palácio. Aqueles salões verdes e azuis e vermelhos só servem para enganar. Nós não podemos nos acomodar, temos que voltar à rua", disse Genoino.
Ele defende uma pauta popular e democrática que atenda às necessidades do povo, como a reforma agrária, a melhoria da saúde e a tributação dos super-ricos. "Eu defendo uma inflexão à esquerda. Essa inflexão esquerda diz respeito a tratar a pauta popular democrática que atende as necessidades do povo", concluiu, ressaltando que, se o governo se alinhar ao "status quo", a extrema direita poderá capitalizar o desespero do eleitorado.
O ex-deputado também criticou a Frente Ampla, considerando-a uma "frente de paralisia" que "puxa o governo para trás". A alternativa, segundo ele, é uma "governabilidade tensionada", que defenda explicitamente os interesses populares e faça um combate claro contra os privilégios do "andar de cima". Assista:
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