Alcolumbre alerta Haddad sobre 'fogo amigo' no PT e isolamento no governo
Em reunião, presidente do Senado criticou “má vontade” de dirigentes do PT com o ministro da Fazenda
247 - Durante reunião recente sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), fez um duro alerta ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), sobre o crescente isolamento político do chefe da equipe econômica, segundo Tainá Falcão, da CNN Brasil.
Alcolumbre expressou preocupação com a forma como setores do próprio PT vêm tratando a gestão de Haddad, especialmente após o desgaste provocado pelo decreto que elevou a alíquota do IOF. O senador falou em “má vontade” de dirigentes petistas e apontou uma sensação generalizada de que o ministro estaria sendo deixado sozinho para enfrentar a repercussão negativa da medida.
Líderes políticos interpretaram o recado como endereçado diretamente à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), e ao deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da legenda na Câmara. Ambos têm demonstrado resistência a parte da agenda econômica defendida por Haddad.
A tensão não é recente. Ainda na quarta-feira (4), Alcolumbre e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), já haviam expressado a mesma preocupação ao titular da Fazenda. Haddad teria concordado com a avaliação dos parlamentares de que está politicamente isolado dentro do próprio governo.
O tom subiu ainda mais quando Motta, também presente à reunião, disparou contra o núcleo político do Planalto, afirmando que este estaria 'acabando com o governo'. Segundo ele, as divisões internas e a falta de coordenação ameaçam diretamente as chances de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.
Após as críticas e a pressão política, o ministro da Fazenda anunciou uma mudança na estratégia. Em reunião com líderes da Câmara, Haddad comunicou que a compensação fiscal não será mais centrada no aumento do IOF, mas na taxação das apostas esportivas — as chamadas “bets” — e na revogação da isenção sobre rendimentos de títulos de renda fixa.
Além disso, o pacote de medidas apresentado prevê uma recalibragem no decreto do IOF, a edição de uma medida provisória com mecanismos de compensação, uma proposta de emenda constitucional para revisão de benefícios tributários e um compromisso com a contenção e revisão de gastos primários. Todas essas propostas ainda dependem da aprovação do Congresso Nacional.
O silêncio do Palácio do Planalto diante da crise também foi alvo de comentários nos bastidores. Sem apoio explícito do presidente Lula, Haddad foi alvo de críticas do empresariado e de setores da base aliada. Questionada sobre o decreto, Gleisi Hoffmann declarou que “não sabia detalhes” da medida. Já Lula limitou-se a dizer que o ministro agiu no “afã de dar respostas à sociedade”.
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