João Campos diz que governo Lula precisa "puxar o centro para perto" em 2026
Novo presidente do PSB, prefeito do Recife defende diálogo com igreja, agronegócio, autônomos e reedição da frente ampla, com Geraldo Alckmin na vice
247 - Prestes a assumir oficialmente a presidência nacional do PSB nesta sexta-feira (30), o prefeito do Recife, João Campos, afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo que o caminho ideal para a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026 a pela ampliação do diálogo com o centro político e social do país. Segundo ele, o desafio é “puxar o centro para perto, e não empurrá-lo para a direita”.
Aos 31 anos, Campos foi reconduzido ao comando da capital pernambucana no ano ado com 71% dos votos válidos, em uma aliança ampla. Agora, à frente do partido que já foi presidido por seu pai, Eduardo Campos, e por seu bisavô, Miguel Arraes, ele defende uma estratégia de agregação em torno de uma pauta comum e racional, para além da polarização que marca o cenário nacional.
O apoio à manutenção de Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa presidencial é uma das bandeiras que o novo dirigente do PSB pretende sustentar. “Eu não tenho nenhuma dúvida que Alckmin reúne todos os atributos necessários para continuar a fazer um grande trabalho pelo Brasil”, afirma Campos na entrevista.
Ainda segundo ele, a principal tarefa da sigla será ampliar sua presença eleitoral, mas sem abrir mão da identidade progressista. “Vamos ser o partido progressista com maior crescimento nas próximas eleições”, afirmou, reforçando que o PSB se vê como aliado prioritário do governo.
Para o prefeito do Recife, Lula não perdeu o timing para uma eventual reforma ministerial, mas pondera que esse é um espaço exclusivo do presidente. Segundo ele, mais importante que cobranças públicas é a construção política interna. “O bom aliado pode trabalhar internamente, mas nunca vai trabalhar para querer fazer um desgaste público”, disse.
Questionado sobre o distanciamento de partidos de centro que integram o governo, como União Brasil, PP, Republicanos, MDB e PSD, Campos criticou o comportamento dúbio de algumas legendas. “É estranho você ter uma composição em que os partidos estão no governo, mas declaradamente se colocam distantes da reeleição", ressaltou.
João Campos também foi categórico ao dizer que uma vitória em 2026 exigirá mais que o apoio da esquerda. Ele sustenta que é necessário atrair setores que hoje mantêm distância do governo, como o agronegócio, os autônomos e as igrejas, e propõe que o governo federal adote uma postura de escuta e aproximação com esses segmentos.
“O agro no Brasil tem uma posição majoritariamente contrária às posições do governo. Não seria o caso de ter uma agenda que dialogasse de forma mais próxima para tentar diminuir essa resistência?”, perguntou. Campos reconhece que a esquerda tem encontrado dificuldades para compreender as transformações recentes do Brasil. “Existe uma parcela grande da população que pensa de outra forma. Temos que entender o que eles pensam para representá-los”, disse.
Sobre o estilo combativo da direita, que segundo ele grita sem entregar resultados, o prefeito do Recife pondera que não cabe à esquerda copiar o tom do adversário. “Talvez um cancelamento de ruído seja mais adequado”, brincou. Para ele, a sociedade brasileira, em sua maioria, demonstra cansaço com a polarização, embora acredite que a próxima eleição manterá esse clima acirrado. A saída, segundo ele, é disputar a atenção do centro, mas não apenas dos partidos, e sim do centro social. “O que está em disputa é o centro. Nem a direita ganha sozinha, nem a esquerda ganha sozinha.”
Ele também sugeriu uma maior aproximação com as igrejas, destacando o trabalho social que muitas realizam. “Quase toda igreja tem um trabalho social. Se o nosso campo trabalha tanto pela formação e pela participação popular, por que não buscar uma maior proximidade?”
Sobre um possível projeto ao governo de Pernambuco, João Campos foi cauteloso: “Meu foco essencial é continuar cuidando do Recife”. Ele destacou que o grupo político do PSB pretende lançar candidatura ao Executivo estadual, mas disse que o tempo definirá seu papel nesse processo.
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