Trump cogita secretário do Tesouro Scott Bessent para sucessão na presidência do Fed

247 - Reportagem da Bloomberg revela que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem indicado que anunciará em breve o nome que substituirá Jerome Powell no comando do Federal Reserve, cujo mandato se encerra em maio de 2026.

Entre os nomes mais cotados, figura o atual secretário do Tesouro, Scott Bessent, que ou a ser defendido por assessores dentro e fora do governo republicano.

Embora ainda não tenham sido iniciadas entrevistas formais, fontes ouvidas sob anonimato confirmam que Bessent aparece entre os principais nomes avaliados. Kevin Warsh, ex-diretor do Fed e entrevistado por Trump em 2024 para a Secretaria do Tesouro, também segue na disputa.

Influência crescente no núcleo econômico da Casa Branca

À frente da Secretaria do Tesouro, Bessent tem atuado como peça-chave na formulação e implementação da agenda econômica de Trump, baseada em desregulamentação, cortes tributários e revisão de acordos comerciais. Ele também lidera as tratativas com a China para um novo pacto comercial. Esse protagonismo o coloca como uma figura de confiança do presidente no campo econômico.

“Tenho o melhor emprego em Washington”, declarou Bessent à Bloomberg, ao ser questionado sobre a possibilidade de assumir o Fed. “O presidente decidirá quem é o melhor para a economia e para o povo americano.”

Disputa envolve nomes de peso e tensões sobre a independência do Fed

Além de Bessent e Warsh, também foram citados para o cargo Kevin Hassett, ex-diretor do Conselho Econômico Nacional, Christopher Waller, atual governador do Fed, e David Mal, ex-presidente do Banco Mundial.

Em meio às especulações, o presidente do Instituto de Finanças Internacionais, Tim Adams, afirmou: “Dada a confiança e credibilidade que a comunidade financeira global tem em Scott Bessent, ele é um candidato óbvio”. Apesar disso, Adams acrescentou que Warsh “também seria uma boa escolha”.

A possível nomeação de Bessent suscita questionamentos sobre a preservação da autonomia do Fed. Trump tem sido um crítico contumaz de Jerome Powell, a quem acusa de resistir à redução das taxas de juros, inclusive tendo pressionado o atual presidente do banco central em reuniões recentes na Casa Branca.

“Ao contrário de Powell, Scott Bessent provou que pode implementar a agenda do presidente Trump durante os primeiros seis meses incrivelmente turbulentos”, avaliou Steve Bannon, ex-estrategista-chefe da Casa Branca. “Ele não é apenas a estrela do gabinete, mas uma mão segura para os mercados de capitais globais.”

Debate sobre especialização em política monetária

Apesar do prestígio, alguns aliados ponderam se Bessent estaria preparado para lidar com a complexidade técnica da política monetária. Arthur Laffer, economista próximo a Trump, afirmou: “Ele é maravilhoso, mas já tem um emprego. E sua especialidade não é política monetária”. Ainda segundo Laffer, Warsh seria mais adequado: “Como disse ao presidente, acho que Kevin Warsh é perfeito para o cargo.”

Trump, que indicou Powell em 2017, já declarou que deseja maior alinhamento do Fed com sua visão econômica. Isso levanta dúvidas sobre a capacidade do próximo presidente do banco central de manter a necessária independência diante das pressões políticas. Adams, do IIF, acredita que tanto Bessent quanto Warsh “teriam o benefício da dúvida da comunidade financeira” quanto ao respeito à autonomia da instituição.