Porta-voz chinês condena pressões dos EUA sobre o Panamá e defende neutralidade do canal
Lin Jian, da chancelaria chinesa, afirmou que tentativa dos EUA de interferir no controle do canal fere a neutralidade e interesses legítimos do Panamá
247 - A China reiterou seu respaldo à soberania do Panamá e criticou veladamente as pressões dos Estados Unidos sobre o país centro-americano. O pronunciamento foi feito nesta quarta-feira (11) pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, durante coletiva diária com a imprensa em Pequim.
As declarações de Lin foram uma resposta direta às preocupações manifestadas pela chefe da Autoridade do Canal do Panamá a respeito da venda de ativos da CK Hutchison, gigante de infraestrutura com sede em Hong Kong. Segundo ela, o atual desenho do negócio poderia gerar concentração de mercado e prejudicar a competitividade panamenha, além de comprometer a neutralidade da via interoceânica. Ela também afirmou ter recusado um pedido dos Estados Unidos para permitir a agem gratuita de embarcações militares norte-americanas pelo canal, decisão que sinaliza resistência a ingerências externas.
Crítica à coerção econômica e defesa da neutralidade
Lin Jian enfatizou que "a China sempre se opôs firmemente à coerção econômica e às práticas hegemônicas e de intimidação". Ao abordar a venda de ativos da CK Hutchison no exterior, ele afirmou que as autoridades chinesas responsáveis já se pronunciaram em ocasiões anteriores, reforçando a legalidade e autonomia das decisões empresariais, desde que respeitem as normas locais e não comprometam os interesses nacionais.
O porta-voz chinês também assegurou que o país respeita a soberania do Panamá sobre o canal e reafirma seu compromisso com o reconhecimento do canal como "uma via navegável internacional permanentemente neutra". Essa posição representa um contraponto direto à histórica tentativa de influência dos Estados Unidos sobre a região, especialmente em um momento de crescente disputa geopolítica por rotas estratégicas de comércio.
Panamá como ator soberano no tabuleiro geopolítico
Ainda em maio, Lin desmentiu notícias de que a CK Hutchison teria recebido aval para vender ativos portuários globais, exceto os localizados nas imediações do Canal do Panamá. Ele reiterou que "o governo chinês continuará a defender resolutamente a soberania nacional, a segurança e os interesses de desenvolvimento da China de acordo com a lei", pontuando que atividades comerciais devem respeitar a legislação e não violar os interesses do Estado.
O episódio evidencia o acirramento da disputa por influência nas Américas, com Washington tentando conter a expansão de empresas chinesas em pontos estratégicos, como o Canal do Panamá. A recusa do governo panamenho ao pedido norte-americano reforça seu desejo de preservar a neutralidade da rota, essencial ao comércio global. Ao mesmo tempo, a China procura se consolidar como parceira confiável de países que enfrentam pressões externas, defendendo, como neste caso, o princípio da não intervenção.
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