"Assassinos em série não fazem diplomacia", diz Pepe Escobar
Analista geopolítico vê ataque de Israel ao Irã como parte de uma guerra também aos BRICS
247 – O analista geopolítico Pepe Escobar, referência internacional em coberturas sobre conflitos e disputas de poder entre grandes potências, denunciou em suas redes sociais nesta sexta-feira (13) que o recente ataque de Israel ao Irã, especificamente contra instalações nucleares e áreas civis em Teerã, representa não apenas uma escalada contra a soberania iraniana, mas parte de uma guerra mais ampla contra o grupo BRICS. As declarações foram publicadas pelo jornalista em sua conta no X (antigo Twitter).
Segundo Escobar, "assassinos em série não fazem diplomacia" e, portanto, devem ser tratados de outra forma. Ele classificou a ofensiva israelense como parte de uma operação indireta dos Estados Unidos para sabotar as conversas diplomáticas entre Washington e Teerã, que estavam em andamento em Omã. “O modus operandi é o mesmo da ocasião em que o general Qassem Soleimani foi assassinado — e ele também estava em missão diplomática”, escreveu.
No ataque recente, mísseis teriam sido disparados do espaço aéreo iraquiano, que é controlado pelos EUA, com alvos em instalações militares e civis iranianas. Escobar também destaca que todas as armas utilizadas na operação são de fabricação americana. Ele aponta para uma responsabilidade direta da Casa Branca, mesmo diante da negativa oficial do governo Trump, que afirmou não ter qualquer envolvimento na ação: “a istração do covarde Mestre de Cerimônias do Circo diz: ‘não temos nada a ver com isso’. Absurdo.”
Conflito com dimensões globais: o ataque ao Irã como pretexto para confronto com os BRICS - Para Pepe Escobar, o ataque israelense deve ser compreendido como parte de uma estratégia mais ampla de sabotagem à multipolaridade representada pelos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), grupo que recentemente ou a contar também com Irã, Egito, Etiópia e outros países-chave da Ásia e da África. Segundo ele, a ofensiva é, ao mesmo tempo, uma tentativa de conter o eixo energético que se fortalece entre Rússia, China e Irã — principais produtores e exportadores de petróleo e gás com políticas exteriores independentes de Washington.
“É também um ataque preventivo ao núcleo energético dos BRICS”, disse o analista. “Faz parte da guerra contra os BRICS, especialmente contra Rússia e China.”
Escalada perigosa e recado de Teerã - Escobar alertou que os responsáveis pelo ataque não conseguirão atingir os objetivos esperados, tampouco deter o programa nuclear iraniano ou a crescente cooperação do país com os aliados estratégicos no Oriente e no Sul Global. “Genocidas psicopatológicos fora de controle não podem prejudicar o programa nuclear iraniano atacando chefes militares, cientistas e, por fim, edifícios civis em Teerã.”
O jornalista também destacou a resposta oficial iraniana, que deixou claro o tom grave do momento: “Não começamos a guerra, mas o Irã decidirá como ela terminará”, afirma a nota de Teerã. A declaração demonstra que, ao contrário do que pretendem seus agressores, o Irã buscará manter o protagonismo e a iniciativa na resposta à ofensiva.
Circus Ringmaster War - Por fim, Escobar ironizou a postura do presidente dos Estados Unidos, que tenta se eximir da responsabilidade ao mesmo tempo em que colhe os frutos da destruição provocada. Para o analista, a atual guerra é conduzida sob a lógica do espetáculo político e midiático: “Agora é a Guerra do Mestre de Cerimônias do Circo”, escreveu, em referência ao papel ivo-agressivo do governo Trump no conflito.
A análise de Escobar reforça a leitura de que a atual escalada no Oriente Médio não pode ser vista de forma isolada, mas sim como parte de uma ofensiva global mais ampla do Ocidente contra potências emergentes que desafiam a hegemonia unipolar liderada por Washington.
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