AGU aciona Ciro Gomes na Justiça após críticas sobre empréstimo consignado com FGTS
Pedido de interpelação judicial foi feito após o ex-governador criticar a medida que permite uso do FGTS como garantia de empréstimo consignado
247 - A Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou com uma interpelação judicial contra o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), para que ele esclareça declarações feitas contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em vídeos publicados nas redes sociais. A informação foi revelada pelo próprio Ciro, em vídeo postado no último sábado (8) no Instagram, no qual acusa o presidente de usar a máquina estatal para intimidá-lo.
Ciro reagiu à notificação judicial e classificou a medida como um ato de covardia. “Agora, finalmente, o maior dos agentes dos agiotas, o presidente Lula, ele mesmo, do alto da sua covardia e manipulando o próprio poder da Presidência da República, entra nesse jogo judicial, na tentativa de me calar”, afirmou o pedetista, de acordo com a coluna do jornalista Carlos Madeiro, do UOL. “Me interpela judicialmente por suposto ataque à sua honra, mas não por calúnia, pois me daria o direito de pedir o que no direito se chama exceção da verdade, que é provar que tudo o que eu falo é a mais pura verdade”, afirmou.
De acordo com a AGU, a iniciativa se justifica pelo fato de que os ataques de Ciro teriam sido direcionados a atos relacionados ao exercício da Presidência da República. No documento judicial, a instituição afirma que se tratam de “ataques de extrema gravidade” e exige que o ex-governador “apresente explicações pertinentes quanto às declarações inverídicas que apresentou nos vídeos (...) e apresentando as provas que supostamente detenha a respeito das afirmações que aduziu”.
Um trecho da ação afirma que tais declarações “atacam não apenas a honra objetiva e subjetiva do querelante [Lula], mas significam uma deslegitimação pública do cargo exercido pelo Presidente, sendo evidente a intenção de degradar sua imagem e descredibilizar sua capacidade moral de exercer o cargo que ocupa, para o qual foi legitimamente eleito pela população brasileira”.
O vídeo que motivou a ação judicial foi publicado por Ciro no dia 15 de março. Nele, o ex-ministro e ex-candidato à presidência acusa Lula de promover “mais um assalto ao povo brasileiro” ao permitir que trabalhadores usem o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como garantia para empréstimos consignados.
Para Ciro, a medida representa “uma das maiores imoralidades” já vistas no país. “Lula segue na sua história de encher os bolsos dos banqueiros enquanto fragiliza a população brasileira. Ele vai consignar o risco dos empréstimos dos trabalhadores da iniciativa privada no mesmo o em que, desavergonhosamente, deixa frouxo, livre para os bancos cobrarem a taxa de juros que bem entenderem”, afirmou.
Em novo vídeo, publicado no último sábado (8), Ciro reiterou suas críticas à política do governo federal, mas negou ter feito qualquer ofensa pessoal a Lula. “Não o ofendi em nada em minhas exposições das políticas de agiotagem do governo. São os fatos e somente os fatos que o ofenderam.”
O ex-governador aproveitou ainda para ampliar suas críticas ao sistema financeiro nacional e à atuação do governo em favor do setor. “Todo o povo brasileiro virou um imenso banco de dados e ativos a serem negociados com bancos agiotas para roubá-los de todas as formas possíveis a partir da taxa de juros mais alta do mundo. Dados de aposentadorias, benefícios assistenciais, o BPC até o Bolsa Família, tudo virou ativo para ser explorado pelos bancos agiotas brasileiros.”
Ciro também afirmou ser vítima de perseguição judicial nos últimos anos, mencionando o uso do judiciário com fins políticos. “Muitos processos artificiais são movidos contra mim pelos políticos agentes dos agiotas que chupam o sangue do povo brasileiro”, declarou. Ele classificou essa prática como lawfare — uso instrumentalizado da Justiça para perseguição de opositores.
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