Lula se afasta de Trump e se aproxima de Putin e Xi Jinping
"O presidente Lula traçou essa semana o novo rumo estratégico do seu governo"
O presidente Lula traçou essa semana o novo rumo estratégico do seu governo.
Está se desligando dos Estados Unidos e se ligando com a China e a Rússia, no âmbito do BRICS, do qual é fundador e membro ativo.
A presidenta do Banco do Brics é a ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, exercitando terceiro mandato.
Fecha, portanto, o círculo de ação estratégica de Lula, na geopolítica global, posicionando os interesses nacionais a serviço da multipolaridade conduzida pelas forças conjugadas dentro do BRICS.
Trata-se do novo condutor político de nova ação global alternativa à dominância imperialista americana.
O presidente está fazendo questão de explicitar suas divergências com Trump e suas convergências com Xi Jinping e Vladimir Putin.
As forças econômicas e militares dentro do BRICS, como novo polo de poder mundial, na fase pós Guerra na Ucrânia, estabelecem novo status quo.
“Como é bom ter a China como aliada”, disse Lula; é como se tivesse em casa.
Em contrapartida, Lula acusou claramente o presidente Donald Trump de estar colocando a economia mundial de cabeça para baixo, espalhando terror econômico.
BUSCA DA PREVISIBILIDADE
O presidente brasileiro sabe que não cumprirá seus compromissos com a sociedade brasileira, de tocar desenvolvimento com justiça social, conforme prometeu em campanha eleitoral, diante de terror econômico.
O terrorismo tarifário trumpista espalha instabilidade econômica e perigo de convulsão política.
A cobrança generalizada, pelo império, de tarifas de importação de todo o mundo para aumentar as rendas dos grupos monopolistas que comandam a economia americana desestabiliza as relações de troca e criam tensões internacionais.
Por isso, Lula faz a opção estratégica, saindo da instabilidade capitalista americana e migrando para a estabilidade chinesa, que tem sentido, organização, planejamento e projetamento do crescimento econômico que afastam incertezas dos investidores.
Enquanto o PIB americano despencou para 0,3% no primeiro trimestre, o PIB chinês está programado para crescer 5% em 2025.
Os empresários do mundo voltam para a China porque a propensão empresarial generalizadamente é por previsibilidade e segurança e não pelo contrário, que é o que Trump está vendendo: imprevisibilidade, insegurança e terror econômico.
PLATAFORMA DE SEGURANÇA
Lula, como presidente do BRICS, que se reunirá no Brasil, em 2025, projeta sua estratégia externa para vender internamente credibilidade e desenvolvimento.
Caso contrário, a imprevisibilidade trumpista, ao vender incerteza, produz incapacidade de Lula, se ficar amarrado a Trump, cumprir suas promessas de campanha eleitoral nos dois últimos anos finais do seu terceiro mandato.
Como pretende disputar o quarto mandato, sua expectativa somente se realiza se tiver a garantia dos investimentos chineses, porque os investimentos americanos dificilmente chegarão, dentro da lógica econômica trumpista do protecionismo nacionalista americano.
O capitalismo americano virou risco do qual o mercado está fugindo, vendendo papéis do tesouro dos Estados Unidos, temeroso de estouro de bolhas especulativas.
A redução do déficit comercial americano, como prioridade da política econômica protecionista trumpista, eleva o risco de inflação e desemprego, como alertou o presidente do FED, Jerome Powell, pressionado por Trump para não aumentar a taxa de juro americana.
Trump está chamando Powell de tolo, talvez antevendo que se o juro subir, o caldo especulativo da dívida pública entorne, e ele culpará Powell pelo eventual desastre.
O fato é que esse quadro de incerteza é que está por trás das articulações políticas do presidente Lula de embarcar, mais decididamente, na canoa do BRICS, ancorada pela força conjunta China-Rússia.
Melhor do que ficar com um pé no barco de Trump, que tende a afundar.
LULA E AS NOVAS LIDERANÇAS GLOBAIS
As solenidades de comemoração dos 80 anos de vitória da União Soviética sobre o nazifascismo estavam carregadas de simbolismo.
Putin é o novo líder militar no mundo por derrotar a poderosa OTAN – Europa e Estados Unidos – na Guerra na Ucrânia.
E ao lado dele, na Parada Triunfal de Moscou, Xi Jinping, que desmoraliza a política tarifária de Trump, é a voz da China como liderança econômica internacional.
Lula prioriza ficar ao lado de ambos, e se exalta nessa posição ao lembrar que o mundo ganha com a China no comado da economia global.
Os chineses conferem previsão e estabilidade globais, afastando o que o presidente chama de maluquices de Trump, pura instabilidade e perigo.
Portanto, é nesse cenário que o presidente Lula se movimenta para se posicionar ao lado de quem está dando as cartas, frente à fragilidade relativa dos Estados Unidos.
Trump, em 100 dias de governo, colher impopularidade por desestabilizar a economia mundia.
O presidente americano é o fator de risco mundial.
QUE DIRÁ O CONGRESSO?
No Congresso Nacional, o presidente Lula terá a missão de atrair adeptos para sua nova posição, contrária à base congressista dominada pelo conservadorismo ditado de Washington.
A mídia conservadora pró-Washington critica a opção de Lula pela Rússia e pela China, no momento em que dão as coordenadas políticas e econômicas ao capitalismo americano trumpista relativamente fragilizado e sem credibilidade diante dos seus antigos aliados, dos quais se afasta com sua política protecionista.
Esse é o palco no qual a luta política se desenrolará, de agora em diante, estando os conservadores divididos, porque sua sobrevivência política, como é o caso dos produtores rurais do agronegócio que comandam a economia ao lado do mercado financeiro especulativo, dependem da demanda chinesa.
A burguesia tupiniquim não está querendo mais a estratégia americana do tripé neoliberal que a empobrece com os juros altos para financiar a dívida pública com a qual somente a Faria Lima ganha, enquanto o resto se afunda.
A opção chinesa pode ou não aumentar a popularidade de Lula, sabendo que a economia nacional ou a depender da China e não mais dos Estados Unidos, como opção política soberana para garantir reeleição em 2026?
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