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Sara Goes

Sara Goes é âncora da TV247, comunicadora e nordestina antes de brasileira

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Gilson Machado preso no São João é o Nordeste feliz de novo

Gilson Machado fez o trabalho podre de tentar humanizar um homem que odeia o Nordeste e de um instrumento sagrado uma ferramenta para esconder o autoritarismo

Gilson Machado e Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega /PR)

A gente ou dois anos sem São João. Dois. Não foi só saudade, foi mutilação simbólica. A ausência da fogueira, do cheiro de mungunzá, da sanfona ao longe, da rua enfeitada, do abraço coletivo, da fé que vira festa, da festa que vira luta, tudo isso foi arrancado do nosso calendário afetivo. E no centro desse apagão estava Bolsonaro, um presidente que tratou a cultura do Nordeste com desprezo, fez piada com nossa dor e sabotou nosso direito ao voto.

Gilson Machado surgiu como caricatura de ministro, empunhando uma sanfona enquanto o país chorava seus mortos. Um trabalho podre de tentar humanizar um homem que odeia o Nordeste. Fez de um instrumento sagrado uma ferramenta para encobrir um projeto autoritário, racista e genocida. E no dia de Santo Antônio foi preso, acusado de tentar ajudar Mauro Cid a fugir do país com aporte português.

Gilson, que já tentou se eleger por Pernambuco e foi rejeitado nas urnas, também tentou calar quem o denunciou. A vereadora Karina Santos, do PT, foi multada por chamá-lo de “sanfoneiro do diabo”. A fala dela foi uma antecipação poética. Ela apontou o farsante e a história confirmou.

O ex-presidente parece ter adotado um padrão: sempre que a Justiça o cerca, corre para o Nordeste em busca de um novo teatro simbólico. Foi assim quando se abrigou em Alagoas, no colo desafinado de Gilson Machado, e agora se repete. Ao ser interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes no STF, Bolsonaro declarou que pretende retornar ao Rio Grande do Norte, reencenando sua obsessiva “Rota 22”, uma tentativa patética de reabilitar seu cadáver político. Ao escolher justamente a região que mais o rejeitou, Bolsonaro continua seu roteiro oportunista de exploração simbólica, tentando capturar para si a força moral de um povo que nunca o aceitou. Bolsonaro nunca teve entrada verdadeira por aqui. Quando vem, sai machucado, por vaias, por abelhas e verdades. O ódio que ele sente pelo Nordeste, a gente devolve com consciência política, com cultura viva, com voto, com sátira, com rebeldia ancestral e com abelhas. Não só com ressentimento, com projeto.

E agora, com o São João reacendido, com Gilson preso, com Flávio José sem interrupções no palco, com Kari diplomada, o ciclo se fecha bonito. O Brasil talvez não entenda o que isso significa. Mas o Nordeste entende. É que a gente não quer vingança banal, a gente quer reparação em forma de justiça, música e uma bela ironia.

Se o Brasil fosse um cordel, esse capítulo começaria com uma quadrinha:

No mês sagrado do milho, A justiça acendeu o rastro. Caiu o sanfoneiro do diabo Na fogueira do próprio pasto.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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