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Explosões deixam ao menos sete mortos na Colômbia e reacendem temor de recrudescimento da violência política

Ataques em série com carros-bomba, moto-bombas e armas de fogo ocorreram em Cali e cidades vizinhas; governo acusa dissidência das Farc

O Presidente da Colômbia, Gustavo Petro condena os atehtados e diz que fará investigação rigorosa (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil )
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247 - A Colômbia foi sacudida nesta terça-feira (10) por uma série de atentados violentos que deixaram ao menos sete mortos e 28 feridos, ampliando o clima de tensão e insegurança no país. As ações, que ocorreram de forma coordenada em diferentes cidades da região sudoeste, como Cali, Jamundí, Corinto e Buenaventura, envolvem explosões de carros-bomba, moto-bombas e ataques armados a instalações públicas e civis. Segundo as autoridades colombianas, trata-se de uma ofensiva deliberada conduzida pelo “Estado-Maior Central” (EMC), a principal facção dissidente das extintas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), hoje fora do processo de paz.

Os atentados ocorreram em pelo menos 19 pontos diferentes, sendo o caso mais grave registrado em Jamundí, onde a explosão de um carro-bomba matou três civis. Outras quatro vítimas fatais — entre elas dois policiais — morreram em decorrência de ataques em Cali e nas demais localidades. A explosão de uma moto-bomba em frente à sede da polícia em Corinto, no Cauca, causou pânico entre moradores e comerciantes. “Pensei que era um terremoto, minha padaria ficou destruída”, relatou Luz Amparo Hincapié, moradora da cidade, ao canal local Caracol.

As ações violentas são vistas como uma resposta do EMC à recente ofensiva das Forças Armadas colombianas nas regiões de Micay e Serra de Nariño, territórios controlados por dissidentes armados. As investidas também coincidem com o aniversário de morte de Leider Johany Noscué, conhecido como "Mayimbú", um dos principais comandantes da dissidência, morto em 2022 pelas forças de segurança.

O ministro da Defesa da Colômbia, Pedro Sánchez, classificou os ataques como “atos terroristas coordenados” e afirmou que o governo não recuará na luta contra os grupos armados ilegais. O diretor da Polícia Nacional, general Carlos Triana, reforçou que o objetivo dos atentados foi “semear o caos e desafiar o Estado”, e garantiu que operações de segurança foram reforçadas na região afetada.

As ações também geraram reações imediatas entre as autoridades locais. O prefeito de Cali, Alejandro Eder, condenou os atentados e pediu apoio ao governo federal para conter a escalada da violência. Ruas próximas a delegacias e centros istrativos foram bloqueadas, e houve reforço da presença militar nas cidades atingidas.

Além da ofensiva armada do EMC, o país ainda vive sob o impacto da tentativa de assassinato do senador e pré-candidato presidencial Miguel Uribe Turbay, baleado no último sábado (7) em Bogotá por um adolescente de 14 anos. O político segue internado em estado grave. Embora o atentado ao senador não tenha sido reivindicado por nenhum grupo armado, o episódio reacendeu o debate sobre a segurança de figuras públicas e o risco de retorno à violência política que marcou a Colômbia nas décadas de 1980 e 1990.

O presidente Gustavo Petro afirmou em pronunciamento que determinou uma investigação rigorosa sobre possíveis ligações entre grupos armados e o crime organizado nos recentes atentados. Petro também repudiou as acusações de que seu governo teria contribuído para o aumento das tensões ao dialogar com setores dissidentes. “Não toleraremos ações terroristas, e tampouco aceitaremos que a busca por uma paz total seja confundida com fraqueza diante do crime”, declarou.

A oposição, por sua vez, reagiu duramente. Líderes políticos pedem que o governo convoque um conselho extraordinário de segurança e suspenda os canais de negociação com as dissidências armadas. O ex-presidente Iván Duque, crítico do atual governo, afirmou que os ataques revelam “o fracasso da política de apaziguamento” e exigiu uma resposta militar “contundente e imediata”.

O “Estado-Maior Central”, liderado por Iván Mordisco, é atualmente o maior grupo armado não estatal da Colômbia e opera em regiões estratégicas para o narcotráfico e o controle de economias ilegais. O grupo rompeu com o acordo de paz assinado em 2016, acusando o governo colombiano de não cumprir cláusulas essenciais do tratado. Desde então, o EMC tem protagonizado ataques a bases militares, delegacias, civis e líderes comunitários, dificultando os esforços por estabilidade nas zonas rurais do país.

A nova onda de violência representa um duro revés para os esforços do governo Petro em avançar em uma “paz total”, estratégia que busca integrar não apenas os ex-guerrilheiros das Farc, mas também o Exército de Libertação Nacional (ELN) e outras estruturas criminosas. Para analistas políticos, os atentados desta semana demonstram a fragilidade do controle estatal em regiões dominadas por interesses armados e agravam a polarização política no país.

A comunidade internacional acompanha com preocupação os desdobramentos. A ONU, por meio de sua missão de verificação na Colômbia, condenou os ataques e reiterou o compromisso com o processo de paz, mas alertou para a necessidade de uma resposta institucional sólida e respeitosa dos direitos humanos.

Com os olhos voltados para as eleições presidenciais de 2026, a Colômbia enfrenta agora o duplo desafio de conter o ressurgimento da violência política e de restaurar a confiança pública na capacidade do Estado de garantir segurança, justiça e paz. O país, que já celebrou avanços históricos no desarmamento e reintegração de ex-combatentes, vê-se novamente às voltas com o espectro da guerra interna — desta vez em novas roupagens, mas com a mesma capacidade destrutiva de décadas adas.

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