Elias Jabbour aponta o Sul Global como novo eixo de poder
Em entrevista à TV 247, economista analisa a crise do modelo financeiro ocidental e defende a inserção soberana do Brasil no bloco emergente
247 – Em entrevista concedida à TV 247, o economista Elias Jabbour apresentou uma análise contundente sobre a nova configuração geopolítica e econômica mundial. Segundo ele, está em curso uma transição histórica que desloca o centro de gravidade do poder global do Norte — liderado pelos Estados Unidos e Europa — para o Sul Global, onde países como China, Índia e Rússia ganham protagonismo com economias industrializadas e estáveis.
“A grande tendência mundial hoje é a formação de um grande mercado no Sul Global”, afirmou Jabbour. “Hoje o Sul Global já superou o Norte Global em termos de PIB e produção industrial. Existe uma transformação em curso, e o Brasil precisa prestar atenção nisso.”
Estados Unidos em crise e a aposta no caos
Ao comparar o momento atual com a crise de 2007–2008, Jabbour foi direto: “O que está para vir aí é inédito”. Segundo ele, a diferença é que agora os Estados Unidos enfrentam uma multipolaridade real, com concorrentes robustos no plano industrial e tecnológico. Além disso, a governança norte-americana estaria cada vez mais baseada na desestabilização global.
“Quem está colocado nos Estados Unidos hoje para governar o país tem como proposta instalar o caos no mundo — e isso é declarado. Eles não escondem que precisam do caos para se recolocar no lugar que acreditam ser o seu por direito”, afirmou o economista.
Ele ressaltou ainda que a economia dos EUA está “ultra financeirizada”, baseada em derivativos e altamente volátil, o que a torna muito mais frágil diante de crises do que economias produtivas como a chinesa.
A força estrutural da China
Para Jabbour, a China se destaca por seu modelo econômico centrado na produção, com forte participação estatal e capacidade de planejamento de longo prazo. “São 144 bancos públicos que controlam a finança do país e 96 conglomerados empresariais estatais comandando o lucro produtivo”, explicou.
Além disso, a estabilidade política garantida pelo governo do Partido Comunista há 75 anos e o imenso mercado interno de 1,4 bilhão de habitantes conferem à China uma resiliência única no sistema internacional. “Eles podem gerar o como para dentro do país no momento de crise”, observou.
O papel do Brasil no novo mundo
O economista fez duras críticas à ideia de uma aliança automática do Brasil com o Ocidente e, em especial, ao acordo com a União Europeia que prevê a abertura do mercado brasileiro a manufaturados europeus em troca do o agrícola ao bloco. “Interessa ao Brasil isso? Eu acho que não”, disse.
Jabbour defendeu uma mudança de paradigma: “O que interessa ao Brasil é esse Sul Global imenso que está diante de nós. Esse é o nosso lugar do mundo”. Ele também questionou visões da diplomacia brasileira que classificam o país como parte do Ocidente: “O Brasil não é Ocidente. Nós somos globais”.
Para o economista, a sobrevivência do Brasil como nação soberana nas próximas décadas dependerá de sua capacidade de se integrar ao novo eixo emergente. “Temos que afirmar esse lugar no mundo. É por aqui que nós vamos”, concluiu. Assista:
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