Alckmin: "temos que ter obsessão por custo se quisermos ter competitividade na indústria"
Ministro defende política industrial com foco em inovação, descarbonização, exportação e corte de custos no fórum Nova Indústria Brasil
247 - Durante sua participação no fórum Nova Indústria Brasil, promovido nesta segunda-feira (26) por Brasil 247, BNDES e Agenda do Poder, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destacou os eixos centrais da política industrial do governo Lula. O evento celebrou o Dia da Indústria e marcou o relançamento da agenda de reindustrialização nacional, com foco em inovação, sustentabilidade, soberania e modernização da economia.
Logo no início de sua intervenção, Alckmin apresentou as seis grandes missões da Nova Indústria Brasil: agroindústria, saúde, cidades e infraestrutura urbana, digitalização, transição ecológica e defesa e aeroespacial. Segundo ele, o plano está ancorado em um modelo de desenvolvimento baseado na agregação de valor e no avanço tecnológico. "O presidente Lula lançou a Nova Indústria Brasil, que tem seis missões: a primeira, a agroindústria. Nós somos campeões do agro, vamos agregar valor", disse.
Complexo da saúde como motor estratégico - Alckmin dedicou atenção especial à segunda missão — o complexo industrial da saúde —, setor que, segundo ele, deverá ter crescimento acelerado nas próximas décadas em razão do envelhecimento da população global. “A expectativa de vida é de 76,7 anos ao nascer. Fez 70, a expectativa média é de 85. Fez 80, expectativa média de 89,5. Fez 90, expectativa média 94,5. Então essa é uma missão que vai crescer e crescer forte”, projetou.
O ministro também citou a relevância de reduzir o déficit na balança comercial de medicamentos e insumos farmacêuticos, hoje um dos maiores do país, e mencionou o exemplo da empresa dinamarquesa Novo Nordisk como símbolo do potencial econômico da área: "O valor da Novo Nordisk é maior que o PIB da Dinamarca".
Rumo à indústria inovadora e sustentável - Ao falar sobre inovação, Alckmin destacou o papel do BNDES, da Finep e da Embrapii como instrumentos fundamentais para a retomada industrial. “BNDES, Embrapii e Finep: R$ 80 bilhões para inovação, pesquisa e desenvolvimento”, afirmou. Ele elogiou a redução no tempo de concessão de patentes pelo INPI, que ou de sete para quatro anos e deverá atingir o padrão internacional de dois anos em 2025.
No campo ambiental, o ministro destacou a ampliação do uso de biocombustíveis como o biodiesel e o etanol, com críticas à redução feita por gestões anteriores. “O presidente Lula voltou para 12% e estamos agora em 14% de bio no diesel”, relatou. Ele também ressaltou que o Brasil é um dos poucos países capazes de produzir SAF (combustível sustentável para aviação) em larga escala.
Alckmin ainda detalhou a lógica por trás da Lei do Combustível do Futuro, que adota a abordagem mais moderna para a avaliação do ciclo de vida dos veículos. “Antes era ‘do motor à roda’. Nós avançamos: ‘do poço à roda’. E o próximo o é: ‘do berço ao túmulo’.”
Competitividade e custos: o alerta de Alckmin - O ponto mais enfático de sua fala, no entanto, foi a necessidade de enfrentar os chamados “custos Brasil”. Para Alckmin, sem obsessão por eficiência e competitividade, a indústria nacional continuará perdendo espaço. “Temos que ter obsessão por custo se quisermos ter competitividade e poder avançar em mercados”, alertou. Ele apontou a diferença de carga tributária em países asiáticos como um fator crítico: “A carga tributária na China é 22% do PIB. Na Índia é 20%”.
Entre as medidas adotadas para mitigar os custos produtivos, ele mencionou a depreciação acelerada e a criação da Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD), que oferece isenções para investidores e juros mais baixos para a indústria e o comércio.
Exportar mais para crescer - Alckmin defendeu ainda uma postura mais agressiva na ampliação dos mercados externos para os produtos industriais brasileiros. “O Brasil tem 2% do PIB do mundo. Então 98% do PIB está fora do Brasil. Nós temos que ganhar mercado”, afirmou. Ele celebrou o ingresso da Bolívia no Mercosul e o avanço nos acordos com Singapura e União Europeia. “Esperamos até o final do ano avançar e já estar assinado o acordo [com a UE]”, disse.
Por fim, reiterou o impacto das medidas de desburocratização no comércio exterior, como o portal único de exportação e importação, que segundo ele reduz em R$ 40 bilhões por ano os custos logísticos e tributários das empresas brasileiras. “Um dia de carga parada no posto custa 0,8% do valor da carga”, exemplificou.
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