Vance e Rubio apresentam projeto de longo prazo para suceder Trump e moldar o futuro do Partido Republicano
Em evento conservador em Washington, aliados de Trump defendem reindustrialização, populismo econômico e ruptura com o legado pré-2016
247 - Durante a "New World Gala", promovida pelo grupo American Com no Museu Nacional da Construção, em Washington, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, e o secretário de Estado, Marco Rubio, delinearam os contornos de um possível novo ciclo para o Partido Republicano após a saída de Donald Trump da presidência.
Embora nenhum dos dois tenha mencionado explicitamente as eleições de 2028, o evento funcionou como vitrine para a construção de suas credenciais como potenciais herdeiros do projeto MAGA (Make America Great Again).
A celebração, em traje de gala, reuniu expoentes do conservadorismo norte-americano e serviu de palco para que Vance e Rubio destacassem um discurso de forte apelo populista, centrado em soberania econômica, reindustrialização e ruptura com a política tradicional que, segundo eles, ignorou a classe média e enfraqueceu a base manufatureira dos EUA.
“Este não é um projeto de cinco ou dez anos. É um projeto de vinte anos para realmente recuperar o bom senso na política econômica americana”, afirmou Vance, que discursou após Rubio e participou de uma sessão de perguntas com Oren Cass, fundador do American Com.
Rubio, por sua vez, declarou que os Estados Unidos am por um “realinhamento importante e há muito necessário”, e que as transformações exigidas pela nova conjuntura política são tarefas de longa duração: “Este será o trabalho de uma geração”, disse o secretário de Estado a uma plateia predominantemente jovem.
Ambos exaltaram a política econômica nacionalista adotada sob Trump, criticaram a dependência externa dos EUA e reforçaram a necessidade de autonomia produtiva. “Você nunca estará seguro como nação se não for capaz de alimentar sua população e fabricar o que sua economia precisa para funcionar e, em última instância, para se defender”, pontuou Rubio.
Visões convergentes e apelos ao eleitorado MAGA
Além do conteúdo similar nas falas, Vance e Rubio trocaram elogios públicos e apresentaram diagnósticos alinhados sobre os desafios econômicos e geopolíticos dos EUA. Ambos defenderam uma política externa “America First” e se comprometeram com um esforço de longo prazo para unificar as diversas correntes ideológicas da direita republicana.
Sem fazer referência direta ao polêmico pacote legislativo da atual istração — que já foi aprovado na Câmara e poderá cortar assistência alimentar e cobertura de saúde para milhões de pessoas de baixa renda, enquanto reduz impostos para os mais ricos —, Vance e Rubio apostaram em um discurso de mobilização popular, voltado ao eleitorado republicano que, nos próximos anos, escolherá o novo líder do movimento.
“A maioria dos nossos compatriotas não é nem de longe tão ignorante quanto Washington, D.C., supõe que seja”, disse Vance. “Eles são, na verdade, muito inteligentes.”
Enquanto Vance usou um tom mais direto, com forte retórica populista — afirmando querer um país onde “pessoas normais que trabalham duro e seguem as regras tenham uma boa vida” —, Rubio adotou uma abordagem mais teórica. Ele associou o abandono da identidade nacional nos EUA às consequências da Guerra Fria, defendendo uma retomada clara da centralidade do interesse nacional em todas as políticas. “Todo Estado-nação com o qual interagimos prioriza seus interesses nacionais em suas relações conosco. Precisamos voltar a fazer isso. E estamos começando a fazer isso de novo”, disse.
Ambições eleitorais e respaldo popular
Vance, que tem reforçado sua lealdade irrestrita a Donald Trump, desponta como um nome de peso na disputa interna para liderar o movimento MAGA na era pós-Trump. Em fevereiro, venceu com folga a pesquisa anual da AC (Conferência de Ação Política Conservadora), com mais de 60% das intenções de voto. Já em abril, levantamento do instituto YouGov apontou que 69% dos republicanos considerariam votar em Vance nas primárias de 2028. Rubio, embora menos competitivo, também aparece como nome relevante, com 34% das intenções no mesmo estudo.
Sem se afastar do trumpismo, mas buscando moldar sua continuidade, os dois líderes apresentaram na gala um programa que mistura nacionalismo econômico, crítica à globalização e apelo direto às classes médias trabalhadoras, sinalizando que o futuro do Partido Republicano seguirá, ao menos em parte, os trilhos ideológicos traçados por Trump.
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