Oposição israelense apresenta projeto para dissolver parlamento e derrubar governo de Netanyahu
Em declaração conjunta, líderes oposicionistas unem forças para derrubar o governo
247 - Em mais um capítulo da crescente crise política em Israel, os principais partidos de oposição confirmaram que apresentarão nesta quarta-feira (6) um projeto de lei para dissolver o Knesset, o Parlamento israelense e derrubar io governo de Netanyahu.
Reeportagem do jornal The Times of Israel destaca que a iniciativa é liderada por Yair Golan (partido Democratas), Benny Gantz (Unidade Nacional), Yair Lapid (Yesh Atid) e Avigdor Liberman (Yisrael Beytenu), que concederam uma entrevista coletiva conjunta no próprio Knesset. Segundo os líderes, a decisão de protocolar o projeto foi tomada de forma unânime por todas as bancadas oposicionistas, num movimento coordenado com o objetivo de provocar eleições antecipadas e encerrar o governo de Benjamin Netanyahu.
“Foi decidido por unanimidade e é vinculativo para todas as facções”, afirmaram em declaração conjunta, destacando que também suspenderam temporariamente toda a tramitação de projetos de lei da oposição, para focar unicamente na derrubada do atual governo. “Além disso, em coordenação entre todas as facções, foi decidido remover a legislação da oposição da pauta para concentrar todos os esforços em um objetivo: derrubar o governo.”
A resposta do governo deve ser tentar obstruir a votação com a inclusão de projetos de lei próprios na pauta parlamentar, numa tentativa de ganhar tempo. A expectativa é que uma votação preliminar sobre a dissolução do parlamento possa ocorrer ainda nesta semana, caso a oposição consiga apoio suficiente.
No entanto, o sucesso da medida dependerá da adesão de setores da própria coalizão governista, que hoje controla 68 dos 120 assentos no Knesset. Nesse cenário, os votos dos dois partidos Haredi – Shas e Judaísmo Unido da Torá – são cruciais.
Ambas as legendas, que representam segmentos ultraortodoxos da população judaica, já declararam publicamente apoio à dissolução do parlamento na primeira votação. O motivo principal seria o ime dentro da coalizão para aprovar uma legislação que isente os estudantes de yeshivá (escolas religiosas) do serviço militar obrigatório. Contudo, bastidores políticos indicam que o partido Shas, liderado por Aryeh Deri, estaria empenhado em evitar uma ruptura total, buscando adiar a votação decisiva e manter o governo Netanyahu por mais tempo.
A tensão entre os partidos da coalizão e as bancadas religiosas ganhou força após repetidos fracassos legislativos. O tema da isenção de religiosos do serviço militar é historicamente sensível e já causou colapsos em governos anteriores. Desta vez, a frágil aliança costurada por Netanyahu está à beira do colapso diante da pressão combinada da oposição e das divisões internas.
O desfecho dessa manobra parlamentar poderá determinar os rumos da política israelense nos próximos meses. Se aprovada, a dissolução do Knesset abriria caminho para eleições gerais antecipadas, colocando em xeque o futuro político de Netanyahu, que há anos domina o cenário israelense, mesmo em meio a acusações de corrupção e crescentes críticas à sua condução de temas sensíveis, como a segurança nacional e as relações com os partidos religiosos.
A articulação entre Golan, Gantz, Lapid e Liberman sinaliza uma tentativa de unificação da oposição em torno de uma agenda mínima comum: encerrar o atual governo e forçar uma reconfiguração do Parlamento. Resta saber se os partidos Haredi irão manter o compromisso declarado com a dissolução do Knesset ou recuar diante das pressões internas e negociações de última hora.
A política israelense, sempre volátil, parece caminhar novamente para um novo ciclo eleitoral – o quinto em apenas seis anos –, num cenário de polarização crescente e dificuldades de governabilidade. A movimentação desta quarta-feira pode ser o primeiro o rumo a mais uma disputa nas urnas.
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