Netanyahu diz que Israel intensificará ataques ao Irã: 'o que sentiram até agora não é nada comparado ao que virá'
Primeiro-ministro israelense rejeita apelos da comunidade internacional por contenção
Reuters - Irã e Israel trocaram mísseis e ataques aéreos neste sábado, um dia após Israel lançar uma ofensiva aérea de grande escala contra seu antigo inimigo, matando comandantes, cientistas e bombardeando instalações nucleares, com o declarado objetivo de impedir a construção de uma arma atômica.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que os bombardeios israelenses atrasaram o programa nuclear iraniano possivelmente por anos e rejeitou os apelos internacionais por moderação, prometendo intensificar os ataques. “Vamos atingir cada local e cada alvo do regime dos aiatolás, e o que eles sentiram até agora não é nada comparado ao que enfrentarão nos próximos dias”, disse ele em mensagem em vídeo.
Em Teerã, a televisão estatal iraniana noticiou que cerca de 60 pessoas, incluindo 20 crianças, foram mortas em um ataque a um complexo habitacional, com mais bombardeios relatados em diversas regiões do país. Israel declarou ter atingido mais de 150 alvos.
Em Israel, sirenes de ataque aéreo forçaram os moradores a se abrigarem, enquanto ondas de mísseis cruzavam o céu e sistemas antimísseis tentavam interceptá-los. Pelo menos três pessoas morreram durante a madrugada. Um funcionário israelense disse que o Irã disparou cerca de 200 mísseis balísticos em quatro ondas.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou os ataques israelenses e advertiu que algo muito pior poderá acontecer caso o Irã não aceite imediatamente a severa redução de seu programa nuclear, exigida pelos EUA nas negociações previstas para retomar no domingo.
Com Israel dizendo que a operação pode durar semanas, e conclamando a população iraniana a se rebelar contra seus governantes clericais islâmicos, crescem os temores de um conflito regional mais amplo envolvendo potências externas.
Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, ajudaram a derrubar mísseis iranianos, segundo dois oficiais norte-americanos.
“Se (o Líder Supremo Aiatolá Ali) Khamenei continuar disparando mísseis contra o território israelense, Teerã será destruída pelo fogo”, afirmou o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz.
O Irã havia prometido vingança pelo ataque israelense de sexta-feira, que devastou a liderança nuclear e militar iraniana, além de danificar instalações nucleares e bases militares.
Teerã também alertou os aliados de Israel que suas bases militares na região seriam atacadas caso particiem da interceptação dos mísseis iranianos, informou a TV estatal.
No entanto, 20 meses de guerra em Gaza e o conflito no Líbano no ano anterior enfraqueceram os principais aliados regionais de Teerã — o Hamas e o Hezbollah —, limitando suas opções de retaliação.
Países árabes do Golfo, que historicamente desconfiam do Irã mas temem ser alvos em caso de escalada, pediram calma, enquanto o receio de interrupções nas exportações de petróleo da região elevou os preços do barril em cerca de 7% na sexta-feira.
O parlamentar e general iraniano Esmail Kosari afirmou que o Irã está avaliando fechar o Estreito de Ormuz, ponto de saída de grande parte do petróleo exportado pelo Golfo.
Noite de explosões e medo em Israel e no Irã - Um funcionário israelense informou que a ofensiva noturna do Irã incluiu centenas de mísseis balísticos e drones. Três pessoas, entre elas um homem e uma mulher, morreram, e dezenas ficaram feridas, de acordo com o serviço de ambulâncias.
Em Rishon LeZion, ao sul de Tel Aviv, os serviços de emergência resgataram uma bebê presa em uma casa atingida por míssil, informou a polícia. Ainda assim, no sábado, as praias de Tel Aviv estavam lotadas de banhistas.
No subúrbio oeste de Ramat Gan, próximo ao aeroporto Ben Gurion, Linda Grinfeld descreveu os danos em seu apartamento: “estávamos no abrigo e ouvimos um estrondo enorme. Foi horrível".
As Forças de Defesa de Israel afirmaram ter interceptado mísseis iranianos terra-terra e drones, além de dois foguetes disparados a partir de Gaza.
No Irã, os dois dias de ataques israelenses destruíram prédios residenciais, matando famílias e vizinhos como dano colateral em ataques dirigidos a cientistas e altos oficiais em suas residências.
O Irã afirmou que 78 pessoas foram mortas no primeiro dia e dezenas mais no segundo, muitas delas após o desabamento de um prédio de 14 andares em Teerã, atingido por míssil.
A TV estatal disse acreditar que 60 pessoas morreram ali, embora o número ainda não tenha sido oficialmente confirmado. Foram exibidas imagens do edifício reduzido a escombros, com andares superiores tombados na rua e lajes de concreto pendendo de um prédio vizinho.
“Fumaça e poeira tomaram toda a casa, não conseguíamos respirar”, disse Mohsen Salehi, de 45 anos, morador de Teerã, à agência WANA, após um bombardeio noturno acordar sua família.
A agência Fars relatou que dois projéteis atingiram o aeroporto de Mehrabad, dentro da capital, usado tanto para fins civis quanto militares.
Com as defesas aéreas do Irã severamente danificadas, o chefe da Força Aérea de Israel, Tomer Bar, declarou que “o caminho até o Irã foi pavimentado”.
Diante de uma possível escalada, reservistas começaram a ser deslocados em Israel. A rádio do Exército informou que unidades foram posicionadas nas fronteiras com o Líbano e a Jordânia.
Instalações nucleares iranianas foram atingidas - Israel vê o programa nuclear iraniano como uma ameaça existencial e afirmou que o bombardeio teve como objetivo impedir os últimos os rumo à produção de uma arma atômica.
Um oficial militar declarou no sábado que as instalações nucleares de Natanz e Isfahan sofreram danos significativos, embora o local de enriquecimento de urânio em Fordow — escavado numa montanha — ainda não tenha sido atacado.
O oficial acrescentou que Israel “eliminou os principais comandantes da liderança militar” e matou nove cientistas nucleares que eram “as principais fontes de conhecimento e forças motrizes do programa nuclear”.
Teerã insiste que seu programa tem fins exclusivamente civis, conforme os compromissos do país com o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), e que não busca construir uma bomba atômica.
Contudo, o Irã tem ocultado parte de suas atividades dos inspetores internacionais, e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informou na quinta-feira que o país violou o TNP.
As negociações entre Irã e Estados Unidos para resolver o ime nuclear enfrentam dificuldades neste ano. O próximo encontro estava previsto para domingo, mas o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, afirmou no sábado que continuar o diálogo enquanto os “ataques bárbaros” de Israel persistirem seria injustificável.
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