Itaipu lança programa para formar engenheiros em municípios no Paraná

247 - A Itaipu Binacional lançou nesta sexta-feira (13), em Foz do Iguaçu (PR), o Programa Mais Engenharia, uma iniciativa voltada à formação técnica e à qualificação de engenheiros(as) e estagiários(as) que atuam em municípios de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Paraná. 

A ação é fruto de uma parceria com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), conforme noticiado originalmente pelo site da Itaipu.

O objetivo central do programa é ampliar a capacidade dos pequenos municípios na elaboração de projetos de infraestrutura, permitindo que essas cidades disputem com mais igualdade editais públicos e consigam captar recursos federais e estaduais. A estratégia integra o “Itaipu Mais que Energia”, eixo de desenvolvimento sustentável da empresa binacional, voltado aos 399 municípios do Paraná e a outros 35 no sul de Mato Grosso do Sul.

“Vamos dar condições de mudar a estrutura desses municípios. Caso contrário, fica no assistencialismo: a Itaipu envia recursos, mas aquilo não altera a vida do município. Ter uma equipe técnica comprometida em ter sucesso nesses projetos, isso, sim, muda a realidade”, afirmou o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, durante a cerimônia de lançamento.

Bolsas e critérios de seleção

Ao todo, serão oferecidas 50 bolsas para cursos de especialização a profissionais da área de Engenharia e outras 50 para estagiários(as) atuarem nas prefeituras participantes. Metade das bolsas serão destinadas a mulheres, como forma de estimular a equidade de gênero na área. As inscrições já estão abertas no site do Crea-PR e seguem até 13 de julho. O resultado será divulgado em 31 de julho.

A seleção dos candidatos levará em conta critérios como o IDH do município, a residência do profissional na cidade e o número de engenheiros por mil habitantes em cada localidade. O curso de especialização em “Gestão Pública em Engenharia e Desenvolvimento Sustentável”, ministrado pela UEPG, tem início previsto para 1º de outubro, com carga de 480 horas distribuídas ao longo de 24 meses. O corpo docente será formado por 16 professores e 50 orientadores de trabalho de conclusão de curso.

Contrapartidas e impacto regional

Como contrapartida, os bolsistas deverão dedicar 30 horas semanais a atividades práticas nas prefeituras envolvidas, contribuindo diretamente para o desenvolvimento dos municípios. Cada estudante será responsável pela elaboração de quatro projetos técnicos, cujos direitos autorais serão cedidos ao Crea-PR, permitindo sua replicação em outras cidades do Estado.

Segundo Iggor Rocha, diretor istrativo da Itaipu, o projeto responde a dois desafios simultâneos enfrentados pelas istrações públicas: “o déficit de profissionais de Engenharia e a falta de projetos qualificados para os editais”. Ele enfatizou que “uma coisa não está desvinculada da outra. São, na verdade, duas faces do mesmo problema”.

O presidente do Crea-PR, Clodomir Luiz Ascari, destacou que a entidade tem presença em todos os municípios paranaenses, mas que a principal lacuna é justamente a falta de especialização. “É importante que seja avaliado o município, antes e depois desse projeto. Porque eu não conheço nenhuma cidade do nosso Estado que seja bem-sucedida, sem ter uma boa equipe de engenharia na prefeitura”, declarou.

Formação técnica como política pública

Ao apostar na formação técnica como caminho para a transformação estrutural das cidades mais vulneráveis, a Itaipu Binacional reforça seu papel no fortalecimento da engenharia pública regional. O Mais Engenharia se apresenta, assim, não apenas como um curso de especialização, mas como uma política de fomento ao desenvolvimento sustentável, promovendo autonomia técnica e redução da dependência assistencialista.