China rejeita comparação entre Taiwan e Ucrânia e acusa OTAN de tentar exportar instabilidade à Ásia
Pequim critica discurso de líder europeu e afirma que região Ásia-Pacífico não precisa de versão local da aliança militar ocidental
247 - A China reagiu com veemência às declarações de um líder europeu durante o Diálogo de Shangri-La, que comparou a questão de Taiwan à guerra na Ucrânia, sugeriu uma suposta “ameaça chinesa” no Mar do Sul da China e defendeu que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) teria justificativa para intervir na região Ásia-Pacífico.
Segundo reportagem do jornal estatal Global Times, publicada nesta quarta-feira (4), o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian, classificou tais declarações como “inaceitáveis” e alertou para os riscos de instabilidade promovidos por potências externas.
“A questão de Taiwan é um assunto puramente interno da China, sem qualquer semelhança com a crise na Ucrânia”, afirmou Lin. “O território de Taiwan é parte inalienável da China. O que rejeitamos de forma resoluta são tentativas de distorcer ou deturpar a natureza dessa questão.”
O representante diplomático também reiterou que qualquer envolvimento externo fere o princípio de uma só China, reconhecido internacionalmente. “Instamos os atores relevantes a respeitar a soberania e a integridade territorial chinesas e a se abster de alimentar provocações”, declarou.
Ao abordar as recentes alegações de ameaça no Mar do Sul da China, Lin negou haver qualquer problema de liberdade de navegação ou sobrevoo na região, conforme garantido pelas normas do direito internacional. “A situação segue, em geral, estável. A China sempre buscou resolver disputas marítimas por meio de diálogo e negociação com as partes diretamente envolvidas, com base nos fatos históricos”, explicou.
O porta-voz criticou com dureza a tentativa da OTAN de expandir sua atuação para além do Atlântico Norte. “A OTAN é uma organização militar regional e defensiva, sem autoridade para ultraar seus limites geográficos. O que vemos é uma tentativa de levar instabilidade à Ásia-Pacífico ao fomentar tensões e provocar confrontos”, alertou.
Lin também rejeitou a ideia de uma “versão asiática” da OTAN. “Os países da Ásia-Pacífico não acolhem a presença da OTAN. A região não precisa de blocos militares que apenas reacendem a lógica da Guerra Fria”, disse.
Ele ainda destacou o papel da Ásia como motor do crescimento global e símbolo de convivência pacífica. “A Ásia é o lar compartilhado da China e de seus vizinhos. Graças aos esforços conjuntos, nossa região se tornou um polo de desenvolvimento e de estabilidade”, afirmou. “A China promove uma diplomacia de vizinhança pautada por amizade, sinceridade, benefícios mútuos e inclusão. Não buscamos zonas de influência, tampouco aceitamos tentativas de semear discórdia entre nossos países.”
Com tom firme, Lin concluiu exortando os líderes ocidentais a abandonarem o pensamento geopolítico ultraado. “É hora de superar a mentalidade da Guerra Fria e parar de usar narrativas distorcidas como pretexto para intervenções militares disfarçadas de defesa da ordem internacional.”
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