Brasil ganha protagonismo no Vaticano, em meio a divisões na Igreja às vésperas de Conclave
Com sete cardeais no conclave, Brasil reforça influência no Vaticano e se posiciona a favor da continuidade das reformas iniciadas por Francisco
247 - Com a morte do Papa Francisco, o futuro da Igreja Católica se tornou incerto — e o Brasil deve desempenhar um papel relevante na escolha do novo pontífice. Em entrevista ao jornal O Globo, o embaixador brasileiro junto à Santa Sé, Everton Vieira Vargas, destacou que a voz do Brasil “será importante no conclave”, tanto pelo tamanho do episcopado nacional — o maior do mundo — quanto pela reputação ativa e dialogante da Igreja brasileira.
Sete cardeais brasileiros estarão entre os eleitores do novo Papa. Segundo o diplomata, essa presença reforça o peso político do país, que se articula também por meio de lideranças como o cardeal Jaime Spengler, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam). Vargas ressaltou que a Igreja no Brasil é vista como atuante e influente, num contexto em que a América Latina ainda representa uma fatia decisiva do catolicismo global.
Durante o pontificado de Francisco, o Brasil teve interlocução constante com o Vaticano, por meio de visitas presidenciais e encontros bilaterais, o que fortaleceu os laços entre os dois Estados. O Papa argentino, lembrado pelo embaixador como um homem de humor e empatia, liderou a Igreja em tempos difíceis: crise financeira interna, denúncias de abusos sexuais, pandemia, guerras e a ascensão do extremismo político.
Para Vargas, as reformas de Francisco — embora cuidadosas em relação à doutrina — foram significativas no plano pastoral, com destaque para a abertura ao diálogo com homossexuais, a condenação da pena de morte e os esforços por uma Igreja mais próxima do povo. Retroceder nesse caminho, afirma o diplomata, teria um custo alto tanto perante os fiéis quanto no seio da própria hierarquia eclesial.
O conclave será também marcado por tensões internas. Apesar de falas públicas sugerirem continuidade, há divisões entre alas reformistas e conservadoras. Setores africanos, por exemplo, demonstram resistência à aceitação da bênção a casais homoafetivos, medida incentivada por Francisco. Essa tensão alimenta especulações sobre a possibilidade de um Papa africano — o que, segundo Vargas, poderia significar uma inflexão mais conservadora, dada a rigidez em temas sensíveis no continente.
Na avaliação do embaixador, o próximo Papa enfrentará imediatamente pressões de todo tipo. A expectativa, entretanto, é que os avanços do pontificado de Francisco não sejam abandonados. "Se o futuro Papa recuar, o custo será enorme", resume.
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