Huawei retorna ao Brasil com aposta em celulares dobráveis de alto luxo
Gigante chinesa mira consumidor com modelos "super " Mate X6 e Mate XT, após seis anos de hiato no mercado nacional
247 – A Huawei, gigante chinesa de eletroeletrônicos, confirma seu retorno ao mercado brasileiro de celulares, após um hiato de seis anos. Desta vez, a estratégia é audaciosa: a empresa aposta em dispositivos de alto valor, com telas dobráveis, conforme informado por um porta-voz da empresa ao Valor. Em 2019, quando deixou o Brasil, a Huawei focava em modelos mais simples, os chamados "modelos de entrada".
A mudança de rumo é clara. "A percepção está mudando e as pessoas estão prontas para abraçar as telas dobráveis", disse o porta-voz da Huawei para a América Latina à reportagem do Valor. Ele enfatizou que "a Huawei não está mais produzindo celulares de entrada". A fabricante lança agora dois modelos com telas dobráveis "super ", já exibidos no site da Huawei no Brasil e que reforçam as pistas deixadas pela empresa sobre seu retorno.
A confiança no público brasileiro é um dos pilares da estratégia. "As pessoas, nas redes sociais, estão pedindo nossa volta ao Brasil. Permanecemos confiantes de que nossos produtos são inovadores, competitivos [e] surpreendentes", destacou o porta-voz.
Os modelos que marcam este retorno são o Mate X6 e o Mate XT. O Mate X6, já lançado no exterior em dezembro de 2024 por 13 mil yuans (pouco mais de R$ 10 mil), apresenta duas telas: uma externa de 6,45 polegadas e uma interna de 7,93 polegadas. Já o Mate XT é o primeiro dobrável com três telas do mercado, segundo a Huawei, e se destaca por ser o mais fino do segmento, com apenas 3,6 milímetros de espessura. Quando abertas, as telas chegam a impressionantes 10,2 polegadas, o tamanho de um tablet. O Mate XT foi anunciado em setembro na China a partir de 20 mil yuans (cerca de R$ 15,4 mil) e chegou a outros países em fevereiro. Ambos os aparelhos contam com revestimento em couro sintético, nas cores vermelho e preto. A Huawei não revelou planos para lançar outras linhas de smartphones no país.
O retorno da Huawei ao mercado brasileiro de celulares ocorre em um cenário de alta competitividade, onde as vendas de dobráveis ainda representam uma parcela ínfima: apenas 0,1% das unidades vendidas, conforme apurou o Valor. "É um mercado que pode crescer bastante, mas que ainda é muito pequeno principalmente em países emergentes", afirma o diretor de pesquisas da IDC, Reinaldo Sakis, ao Valor.
Diferente de concorrentes chinesas como Oppo, Vivo e Realme, que chegaram ao país entre abril de 2024 com parceiros locais de manufatura, a Huawei aposta na importação de produtos de suas fábricas na China. Os aparelhos serão vendidos em grandes marketplaces como Amazon, Mercado Livre e Shopee, além da plataforma de vídeos TikTok, pelo TikTok Shop, e da rede de lojas on-line e físicas FastShop.
Questionado sobre como evitar o comércio ilegal de aparelhos da marca no país, um problema recorrente no mercado brasileiro, o porta-voz da Huawei garantiu que a empresa terá lojas próprias nos marketplaces e incentivará a compra de produtos regulares, com nota fiscal e e. "O 'mercado cinza' sempre foi um problema especialmente em marketplaces. O que estamos fazendo do nosso [lado] é enviar a mensagem de que os consumidores devem buscar as lojas oficiais nestes marketplaces e garantir uma boa experiência de pós-venda", disse o porta-voz.
O comércio ilegal de celulares é uma preocupação crescente no Brasil, com estimativas da consultoria IDC Brasil apontando que, este ano, ele deve representar 14% das unidades vendidas no país. O problema afeta tanto os fabricantes que produzem aparelhos no país quanto o governo. A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) informou, em meados de maio, que o aumento do preço médio dos aparelhos pode levar a uma evasão fiscal de R$ 3,5 bilhões este ano.
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