Bobby Kennedy disse a Charles de Gaulle que assassinato de JFK “foi um golpe de Estado”
O então residente francês foi informado por Robert Kennedy de que o assassinato do irmão havia sido obra de uma conspiração interna
247 – Uma das revelações mais impactantes sobre o assassinato do presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy emergiu recentemente a partir de memórias e entrevistas reconstituídas por Bernard Le Grelle, jornalista investigativo belga. Em reportagem publicada pelo portal JFK Facts (link original), Le Grelle relata um episódio decisivo: durante as exéquias de JFK em novembro de 1963, Robert F. Kennedy confidenciou ao presidente francês Charles de Gaulle: “Foi um golpe de Estado”.
Essa frase, segundo notas de Alain Peyrefitte, ex-ministro da Informação e confidente de De Gaulle, reforça o entendimento do líder francês de que o assassinato de JFK não se tratava de um ato isolado. Ao contrário, De Gaulle, que sobrevivera a um atentado da organização terrorista OAS pouco mais de um ano antes, via no magnicídio uma operação de inteligência semelhante às tentativas de golpe e eliminação que ele próprio enfrentara.
Uma amizade forjada em crises
Charles de Gaulle e John F. Kennedy mantinham uma relação complexa. No início, foram antagonistas: Kennedy, ainda senador em 1957, defendeu a independência da Argélia, o que irritou profundamente o líder francês. No entanto, a confiança cresceu com o tempo, sobretudo durante a crise dos mísseis em Cuba, em 1962. De Gaulle se recusou a ver as imagens de satélite apresentadas pelo enviado norte-americano, Dean Acheson. Disse: “Acredito na palavra do presidente americano” — um gesto de rara solidariedade diplomática.
Essa confiança foi abalada de forma irreversível com o assassinato de JFK em Dallas, em 22 de novembro de 1963 — data que coincidia com o aniversário de 73 anos de De Gaulle. Profundamente afetado, o presidente francês decidiu ser o primeiro chefe de Estado a confirmar presença nas exéquias, movimento que forçou outros líderes mundiais a também comparecerem.
Um golpe encoberto pelo Estado
Segundo Peyrefitte, De Gaulle jamais acreditou na versão oficial de que Lee Harvey Oswald teria agido sozinho. “Eles encontraram o homem ideal: um exaltado, um idiota útil, que servia como bode expiatório perfeito”, teria dito o general francês em conversa privada. Para ele, a eliminação de Oswald por Jack Ruby — um conhecido da polícia — selou a farsa: “É uma piada. Todas as polícias se parecem quando se trata de fazer esse tipo de trabalho sujo.”
Ainda conforme Peyrefitte, De Gaulle acreditava que os serviços de segurança dos EUA — leia-se FBI e CIA — estiveram diretamente envolvidos na conspiração, e que o assassinato de Kennedy foi cuidadosamente arquitetado para evitar um possível julgamento de Oswald, que poderia trazer à tona segredos explosivos. “Melhor matar um inocente do que correr o risco de uma guerra civil”, concluiu o general.
O testemunho de Robert Kennedy
Foi numa das recepções pós-funeral, no salão oval amarelo da Casa Branca, reservado a poucos dignitários, que Robert F. Kennedy se encontrou com De Gaulle. Visivelmente abalado e por apenas alguns minutos, RFK foi direto: “Foi um golpe de Estado”, confidenciou. E completou: “Só poderei provar isso se um dia for eleito presidente.”
A frase foi registrada por Alain Peyrefitte em relatos confidenciais feitos anos depois a Bernard Le Grelle. Segundo Le Grelle, o motivo de o comentário não ter sido incluído nas memórias publicadas de Peyrefitte, C’était De Gaulle, seria a ausência da anotação contemporânea do episódio e o risco político envolvido.
O paralelismo com a OAS e os segredos da CIA
A desconfiança de De Gaulle em relação à CIA já vinha de antes. Ele havia recusado se encontrar com Allen Dulles, então diretor da agência, em 1958. Documentos revelados nos dossiês JFK mostram que os serviços secretos norte-americanos deram apoio a um golpe abortado da OAS contra o governo francês em 1961. Em 1962, De Gaulle escapou por pouco de uma emboscada armada por comandos da mesma organização — episódio que inspirou o livro e filme “Chacal”.
Para De Gaulle, o assassinato de JFK não era “uma história de cowboy”. Era, em suas palavras, uma “operação de tipo OAS”. Ele não afirmava que os envolvidos no atentado em Dallas eram da OAS, mas que a lógica da conspiração e do encobrimento lembrava as estratégias do grupo terrorista francês.
O silêncio como dever de Estado
“Jamais conheceremos a verdade, é demasiado explosiva”, afirmou De Gaulle a Peyrefitte. “É um segredo de Estado. Eles farão de tudo para escondê-lo. Caso contrário, não haveria mais Estados Unidos.” A previsão do general era sombria: “A América conhecerá sobressaltos, mas todos eles observarão a lei do silêncio.”
Segundo De Gaulle, os norte-americanos aceitariam o silêncio como forma de manter a unidade nacional e preservar a imagem diante do mundo. A história oral registrada por Le Grelle, com base nos testemunhos de Peyrefitte, aponta para uma tragédia abafada em nome da estabilidade do império norte-americano.
Continuidade e legado
Robert Kennedy não teve tempo de investigar o suposto golpe. Ele próprio foi assassinado em 1968, em Los Angeles, durante sua campanha presidencial. Anos depois, De Gaulle ainda apoiaria discretamente a investigação conduzida por Jim Garrison, promotor de Nova Orleans que contestava a versão oficial. Em 1968, segundo Stephen Jaffe, investigador do caso, um alto funcionário francês ajudou Garrison em Paris, com o beneplácito do próprio De Gaulle.
O testemunho de Peyrefitte e a revelação feita por Robert Kennedy consolidam a tese que atravessa décadas: a de que John F. Kennedy não foi vítima de um “lobo solitário”, mas sim eliminado por forças ocultas dentro do próprio sistema que governava.
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