Torcedores temem ser alvo de repressão contra imigrantes durante Mundial de Clubes nos EUA
O endurecimento das políticas migratórias afetam também a preparação da Copa do Mundo de 2026
247 - Faltando pouco mais de um ano para a Copa do Mundo de 2026, que terá os Estados Unidos como uma de suas sedes, torcedores imigrantes vivem entre a euforia do futebol e o medo de se tornarem alvo das rígidas políticas migratórias do governo Donald Trump. No mês de junho, o país recebe o Mundial de Clubes da Fifa, que servirá como evento teste da copa do ano que vem. As informações são da Folha de S. Paulo.
Manny Mizael, que deixou o Brasil há 27 anos e hoje vive em Boston, é um exemplo do medo vivido pelos imigrantes. Apaixonado pelo Flamengo, ele istra uma torcida organizada em Massachusetts que tradicionalmente reúne centenas de brasileiros para assistir aos jogos. Neste ano, porém, o futebol teve que dar lugar à cautela. “As pessoas estão sendo capturadas nas ruas e sendo presas”, afirmou. “Decidimos não fazer o jogo porque pensamos que isso poderia arruinar a vida de muitas pessoas.”
O cancelamento de encontros para assistir a partidas reflete o receio generalizado de que eventos públicos possam se tornar alvos de ações de deportação. A repressão contra imigrantes, intensificada durante o governo Donald Trump e mantida com variações nos últimos anos, já influencia os preparativos para a Copa do Mundo, prevista para receber mais de 6,5 milhões de visitantes.
Para muitos torcedores sem status migratório regular, a ideia de viajar para acompanhar o torneio já parece fora de alcance. Os tempos de espera por vistos se estendem além do calendário da Copa, enquanto países como o Irã — primeira seleção asiática classificada — enfrentam proibições diretas de entrada nos EUA. Ainda que atletas e equipes estejam liberados, não há garantias semelhantes para os torcedores.
Mesmo a organização do evento tem encontrado barreiras. Fontes ligadas ao comitê organizador afirmaram que o governo americano tem dificultado a concessão de vistos para profissionais estrangeiros contratados pela Fifa, questionando por que não podem ser substituídos por cidadãos dos EUA. Um porta-voz da entidade negou dificuldades no processo, mas itiu que a maioria da equipe será deslocada da Europa para os escritórios em Miami.
A tensão também respinga no novo torneio de clubes da Fifa, que acontecerá ainda este mês nos Estados Unidos. A competição, considerada um "ensaio geral" da Copa de 2026, reúne 32 times, incluindo o Flamengo, e vem enfrentando dificuldades para vender ingressos. Representantes da Fifa atribuem parte da baixa procura às restrições de visto, especialmente entre torcedores latino-americanos.
“Isso é algo que não podemos ar em nossa consciência”, afirmou Mizael, ao comentar o cancelamento de uma excursão para jogos em Filadélfia e Orlando. Os organizadores temiam que um ônibus de torcedores imigrantes chamasse atenção indesejada de autoridades.
A FIFA, por sua vez, nega que a demanda esteja baixa entre os torcedores residentes nos Estados Unidos, mas não revelou números consolidados de venda. Segundo a entidade, fãs de mais de 130 países já adquiriram ingressos. Ainda assim, os preços foram reduzidos mais de uma vez, e o mercado de revenda também indica queda nos valores, inclusive para o jogo de estreia, protagonizado pelo Inter Miami de Lionel Messi.
Em meio ao cenário tenso, a Casa Branca tem tentado demonstrar apoio institucional à Copa. O ex-presidente Trump criou uma força-tarefa para o evento, e o presidente da Fifa, Gianni Infantino, chegou a exibir o troféu do torneio de clubes no Salão Oval. Na mais recente reunião da força-tarefa, o vice-presidente JD Vance prometeu “uma experiência sem problemas” aos visitantes — mas fez um alerta direto: “Quando o tempo acabar, eles terão que voltar para casa.”
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