"Galípolo é uma decepção profunda", dispara Jandira Feghali
Deputada critica postura do presidente do Banco Central e condena juros altos, PEC 65 e descolamento do BC do governo Lula
247 - Em entrevista à TV 247, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) fez duras críticas à condução da política monetária no país e apontou Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, como uma “profunda decepção”. Para a parlamentar, a atuação de Galípolo rompe com as expectativas criadas por sua indicação pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e reforça uma lógica econômica que freia o crescimento e agrava as desigualdades.
“Não está fácil, para nós que trabalhamos há anos com o discurso da redução de juros, de uma política macroeconômica diferenciada, concordar com muita coisa que está acontecendo. Por exemplo, a posição do Galípolo no Banco Central, para mim, é uma decepção profunda”, afirmou Feghali.
Segundo ela, é inaceitável que um nome indicado por um governo progressista defenda abertamente a manutenção de uma política monetária restritiva e, ainda por cima, sinalize para uma possível privatização da autoridade monetária, demonstrando apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65, que dá autonomia financeira à autarquia. “Não pode uma pessoa indicada pelo nosso governo fazer uma discussão de manutenção de juros para reduzir o crescimento da economia e ainda acenar para a possibilidade de privatização do Banco Central. É uma coisa que para mim está completamente fora do parâmetro do que significa um país em desenvolvimento”.
A deputada reforçou que não se vê obrigada a blindar Galípolo diante do que considera um grave erro político e econômico. “A gente precisa fazer a crítica devida. Eu não tenho nenhuma necessidade de proteger o Galípolo. Acho que ele precisa ser criticado nas posições que assume e nessa taxa de juros absurda que a gente está vivendo”.
Feghali também alertou para os limites impostos ao governo por conta da independência do Banco Central, aprovada ainda na gestão de Jair Bolsonaro (PL), e que hoje impede qualquer ação do Executivo sobre a condução da política monetária. “A gente fica amarrado em uma política monetária que você não tem incidência sobre ela, o governo eleito com mais de 50 milhões de votos não consegue definir a política monetária por causa da independência do Banco Central, e a gente fica amarrado e refém dessa política”.
A deputada criticou ainda o discurso fiscalista dominante, que equipara o orçamento do Estado ao de uma família e desconsidera a necessidade de investimento público para dinamizar a economia. “Na política fiscal, com esse discurso de comparar com a economia doméstica – que não tem nada a ver uma coisa com a outra – de que ‘não pode gastar mais do que tem porque vai ter problema com o sistema financeiro’. Ora, isso é o Estado brasileiro. Você precisa ter mais investimento para girar a economia”.
Ela também alertou para o impacto social de propostas em debate, como a desvinculação do salário mínimo dos benefícios previdenciários e do Benefício de Prestação Continuada (BPC). “Algo que eu tenho ouvido falar, de desvincular o salário mínimo dos benefícios previdenciários e BPC, isso é uma crueldade”.
Para Jandira, o país precisa enfrentar o debate sobre a origem dos recursos públicos com mais coragem: “Tem que tirar dinheiro de cima, de lucro e dividendo, grandes fortunas, heranças, bets. De fato, as isenções fiscais são exageradas no Brasil. Já foram piores, mas continuou”.
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