Benedita da Silva vê governo Lula "emparedado" e aponta Senado como prioridade em 2026

247 - Em entrevista à TV 247, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) fez uma análise contundente do cenário político nacional e destacou o papel estratégico que o Senado terá nas eleições de 2026. Para ela, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta obstáculos não por conta de uma crise econômica, mas devido a forças que, segundo suas palavras, estão “emparedando” a istração federal e comprometendo a realização de seu programa de governo.

“O Brasil não está ando por uma crise econômica, mas estão emparedando o governo para impedir que o governo tenha realmente as condições de cumprir [seu programa]. Nós estamos correndo esse risco. Não estou fazendo terrorismo político. Estamos correndo esse risco”, afirmou.

Senado como campo decisivo em 2026 - Para Benedita, a eleição para o Senado deve ser tratada como uma das batalhas centrais no próximo pleito. A parlamentar criticou a lógica meramente partidária na escolha de candidaturas e defendeu que os nomes para o Senado sejam definidos com base em um compromisso real com o projeto de inclusão social e reconstrução do país.

“Temos hoje uma questão que não é só de ter um Senado partidário. O Senado é o lugar onde a sociedade se manifesta e tem que ser também um braço da responsabilidade de que Estado ela quer”, diz a parlamentar.

Ela acrescenta que o momento exige mais do que nomes competitivos: é preciso escolher candidatos que estejam preparados para sustentar, no Congresso, as transformações sociais em curso. “É preciso que as escolhas para o Senado não sejam só ‘bom, vou colocar porque meu partido tem um candidato, tem probabilidade [de se eleger], então vou colocar’. Não. A gente tem que pensar juntos quem é que pode ir nesse momento, quem é que vai dar conta, que vai garantir esse projeto”.

“Frente ideológica do bem” - Benedita defendeu a construção de uma aliança ideológica progressista com forte apoio social, que vá além dos partidos. Segundo ela, esse esforço coletivo é fundamental para impedir que retrocessos comprometam a agenda proposta pelo atual governo.

“Ou nós nos unimos enquanto sociedade e criamos uma frente ideológica do bem para salvar a nossa pátria, ou estamos perdidos”, afirmou.

Na avaliação da deputada, os estragos causados por gestões anteriores ainda repercutem negativamente, inclusive sobre os planos de Lula. Ela criticou o que chamou de projeto “divisor” de Jair Bolsonaro (PL), que desmontou políticas públicas essenciais e dificultou a ação do governo atual. “O projeto que nós já vimos foi um projeto divisor, que não desenvolveu o país, fez um monte de entregas que hoje prejudicam consequentemente até o programa de governo do presidente Lula”.

Crítica à desarticulação de projetos - Por fim, Benedita da Silva reconheceu que nem mesmo dentro da base governista há um projeto unificado. Isso, segundo ela, reforça a necessidade de um esforço coletivo e estratégico que una diferentes setores em torno de um objetivo comum. “Hoje não tem um projeto só, do ponto de vista de um partido, nem mesmo do meu, que está no governo. Não existe isso hoje”.

Para ela, somente com engajamento popular e clareza sobre o papel institucional do Senado será possível criar um cenário favorável à continuidade do projeto político de Lula até e após 2026.