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André Corrêa do Lago: encontro em Belém quer transformar frustração em ação contra crise climática

Presidente da COP 30 destaca desafios e oportunidades da conferência em meio a conflitos globais e negacionismo climático

Presidente da COP30, André Corrêa do Lago (Foto: Rafa Neddermeyer/COP30)
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247 – A COP 30, que será realizada em novembro de 2025 em Belém do Pará, promete ser um marco nas negociações climáticas globais. A avaliação é do embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores e presidente da conferência, que concedeu uma extensa e esclarecedora entrevista ao programa 20 Minutos, conduzido pelo jornalista Haroldo Ceravolo Sereza, no canal Ópera Mundi no YouTube (confira aqui).

Logo no início da entrevista, Corrêa do Lago ressaltou a importância simbólica e estratégica da COP acontecer na Amazônia: “A mudança do clima tem um impacto social e econômico tão imenso que muitos dos ganhos sociais e na diminuição das desigualdades podem ser anulados. Por isso, é um tema absolutamente essencial para todos — inclusive para a Igreja Católica.” Segundo o diplomata, há expectativa concreta da participação do novo Papa no evento, após o convite oficial levado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.

A COP em meio ao caos global

Corrêa do Lago reconhece que o contexto internacional não favorece as negociações climáticas. "O contexto está muito mais focado em guerras, como na Ucrânia, e crises políticas e econômicas. Isso afeta os orçamentos e a atenção pública. Em democracias, isso influencia eleições", observou. Ele advertiu que o desafio é convencer o mundo de que o combate à crise climática “não pode ser colocado no mesmo nível de outras urgências ageiras”.

Sobre a COP 29, realizada em Baku, no Azerbaijão, o embaixador itiu frustrações. No entanto, afirmou que esse tipo de conferência sempre enfrenta limitações estruturais: “O grande problema da negociação do clima é que se trata de uma questão econômica. É preciso repensar o crescimento econômico global, e isso é profundamente difícil.”

Brasil, China e o papel das potências emergentes

Segundo Corrêa do Lago, o Brasil tem dado exemplo, reduzindo pela metade as emissões oriundas do desmatamento desde o início do governo Lula, o que corresponde a cerca de 50% das emissões nacionais. O esforço, coordenado por Marina Silva e outros 14 ministérios, é “um caso bem-sucedido de ação interministerial”.

A China, embora siga como maior emissora mundial, também foi elogiada: “É o país que mais investe em tecnologias de combate à mudança do clima e que mais tem contribuído para reduzir custos de tecnologias renováveis”, afirmou.

O protagonismo da Amazônia e dos povos originários

Corrêa do Lago destacou o papel fundamental dos povos indígenas na proteção das florestas: “Eles têm uma convivência exemplar com a natureza e acumulam conhecimentos tradicionais valiosos. São a melhor barreira contra o desmatamento.” O diplomata revelou que a organização da COP 30 já conta com a criação de um “círculo de povos indígenas”, em articulação com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e organismos da ONU.

O Brasil também pretende destacar o papel dos quilombolas e das comunidades afrodescendentes, inserindo-os nas discussões e na visibilidade da conferência.

Belém preparada?

O desafio logístico é grande. Segundo o embaixador, Belém receberá dezenas de milhares de visitantes, entre delegações oficiais, ONGs, cientistas e jornalistas. A cidade já se prepara com obras e adequações. “O impacto será enorme, político, social e até psicológico. É uma oportunidade para o mundo ver que o Brasil é floresta. E que a mudança do clima é uma discussão social e econômica, não apenas ambiental”, afirmou.

No entanto, Corrêa do Lago apontou uma preocupação central: a infraestrutura de transporte aéreo da região. “O maior desafio de Belém é garantir que todos os países possam estar presentes. Se os mais pobres não conseguirem vir, a legitimidade da conferência será questionada”, alertou.

A COP da ação

A expectativa é que a COP 30 vá além das promessas e produza resultados concretos. “Queremos uma conferência de ação, não apenas de documentos assinados. As negociações não podem ser a alegria do papel. Precisam ter consequências reais”, afirmou. O embaixador lembrou que qualquer decisão precisa ser consensual entre os 198 países signatários, o que limita a ambição dos textos finais. Por isso, iniciativas paralelas, como o G20 e os BRICS, podem avançar mais rapidamente.

Recomendações e visões de futuro

Ao fim da entrevista, Corrêa do Lago recomendou obras que ajudam a compreender a complexidade do tema climático. Entre elas, a série Extrapolations, que projeta futuros distópicos baseados em cenários climáticos, e o livro Amazônia, uma geopolítica do Brasil, de João Meirelles Filho: “É uma leitura essencial para quem quer entender os desafios e as potencialidades da Amazônia.”

A entrevista deixa claro que a COP 30 será muito mais do que uma conferência diplomática: será uma oportunidade histórica para o Brasil — e para o mundo — mostrarem que a resposta à emergência climática pode ser real, concreta e transformadora. Assista:

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