Mulheres empreendedoras enfrentam desvantagem de 32% no faturamento e se mobilizam diante da Reforma Tributária

247 - Apesar de representarem uma parcela crescente do empreendedorismo no Brasil, as mulheres ainda enfrentam barreiras significativas para competir em pé de igualdade com os homens — especialmente no o a crédito e no faturamento. Segundo dados nacionais, a receita mediana anual dos Microempreendedores Individuais (MEIs) homens é de R$ 77,3 mil, enquanto a das mulheres é de apenas R$ 58,5 mil — uma diferença de 32%. Em meio a esse cenário desigual, a chegada da Reforma Tributária representa tanto um risco quanto uma oportunidade para os negócios liderados por mulheres.

Com o início do período de transição previsto para 2026, o tema tem mobilizado lideranças femininas preocupadas com os impactos da nova legislação sobre seus empreendimentos. Uma dessas iniciativas foi a realização da primeira edição do Women in Business, no dia 29 de maio, em Porto Alegre, promovida por Juliana Tescaro, diretora do Grupo Studio. O evento teve como tema “Reforma Tributária — O que muda e como as empresas devem se preparar” e reuniu empresárias, advogadas e gestoras públicas para debater estratégias diante das mudanças no sistema tributário.

“Entender a Reforma Tributária deixou de ser uma opção e virou uma necessidade. As empresárias precisam se antecipar, porque essas mudanças vão impactar diretamente a gestão e a competitividade dos negócios liderados por mulheres”, afirmou Juliana Tescaro durante o evento, cuja cobertura foi divulgada pela assessoria do Grupo Studio.

Mais do que uma simples mudança nas alíquotas, a Reforma exige revisão de contratos, fornecedores, processos internos e estratégias financeiras. Para os pequenos negócios, especialmente os liderados por mulheres, a complexidade do novo modelo tributário pode acentuar desigualdades já existentes. Ao mesmo tempo, há pontos positivos, como a criação da categoria de “nanoempreendedor” — isenta dos novos tributos para rendimentos de até R$ 40,5 mil anuais — que poderá beneficiar empreendedoras de menor porte, desde que elas tenham o à informação e consigam se adequar às novas regras.

Durante o debate, Tescaro destacou ainda a mudança de lógica na arrecadação e no papel do consumidor. “O consumo a a ter um papel central no mercado pós-Reforma. O consumidor ganhará um poder que antes não tinha, e isso vai influenciar diretamente as dinâmicas de mercado — desde fusões de empresas até a própria arrecadação nos municípios, que perdem parte da autonomia nesse processo. Esse reposicionamento de forças merece atenção”, alertou.

A vice-presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, Ana Tércia Lopes Rodrigues, reforçou a relevância de ampliar o debate com recorte de gênero. “Precisamos de mais eventos como esse para fortalecer a pauta da reforma e, principalmente, empoderar mais mulheres nesse debate, que será central nos próximos anos.”

Também participaram do encontro Ana Catarina Dantas Fontes da Cunha Lexau, procuradora municipal de Porto Alegre; Eduarda Vidal Trindade, advogada e empresária especializada em Direito Bancário e Tributário, com atuação nacional; e Luana Fleck, diretora do Grupo Ouro e Prata. Todas reforçaram a importância de capacitação, planejamento e articulação estratégica para que as empreendedoras brasileiras estejam preparadas para um novo ciclo econômico.

A expectativa é que, ao se anteciparem e se informarem, as mulheres possam não só superar as desvantagens históricas como também ocupar novos espaços em um ambiente empresarial em transformação.