Mentoria jurídica transforma carreira de advogadas e fortalece empreendedorismo feminino no setor

247 - Apesar de representarem 51% dos profissionais inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as mulheres ainda enfrentam barreiras estruturais que dificultam sua permanência e ascensão no mercado jurídico. Dados do Conselho Federal da OAB apontam que a maioria feminina não se traduz em equidade de oportunidades. Em meio à sobrecarga emocional, baixa remuneração e ausência de orientação empreendedora, muitas profissionais acabam deixando a advocacia nos primeiros anos de atuação.

Foi diante desse cenário que a advogada Siglia Azevedo, especialista em direito imobiliário e mestre em resolução de conflitos, desenvolveu um modelo de mentoria voltado exclusivamente a mulheres em transição de carreira. Como destaca reportagem publicada originalmente pela assessoria da mentora, mais de 200 advogadas já aram pelo programa, que tem como foco estruturar negócios jurídicos sustentáveis, alinhados a valores pessoais, metas claras e diferenciação de mercado.

“Muitas mulheres chegam ao mercado com excelente formação técnica, mas sem preparo para gerir um escritório. A maioria não sabe como precificar serviços, atrair clientes ou se posicionar como autoridade na sua área. Isso gera frustração e abandono precoce da advocacia”, afirma Siglia. A fala sintetiza o motivo pelo qual o modelo tradicional, centrado em longas jornadas, estruturas hierarquizadas e competitividade excessiva, vem sendo questionado por advogadas que buscam mais autonomia e equilíbrio.

Modelo de negócio e redes de apoio

A mentoria coordenada por Siglia é dividida em três pilares: reposicionamento da imagem e construção de autoridade profissional; organização dos processos internos do escritório; e desenvolvimento de habilidades comerciais e de comunicação. “O objetivo é que a advogada aprenda a enxergar sua prática como um negócio, com estrutura, metas, diferenciação e foco no cliente”, explica.

Um dos elementos centrais do programa é o incentivo à construção de redes de apoio entre advogadas de diferentes regiões do país. “A sororidade jurídica é um ativo poderoso. Quando uma mulher vê outra vencendo na advocacia com equilíbrio e estratégia, ela entende que também é possível para ela”, defende Siglia.

A proposta tem trazido resultados expressivos: segundo acompanhamento da própria mentora, ex-alunas que atuavam em posições estagnadas abriram consultorias especializadas, principalmente nas áreas de condomínios e regularização imobiliária, e ampliaram seus rendimentos em até 80% em um ano.

Formação técnica aliada à visão empreendedora

Para Siglia, a mentoria não substitui o conhecimento técnico, mas complementa a formação tradicional ao oferecer ferramentas práticas de gestão, marketing e posicionamento — temas raramente abordados nas faculdades de Direito. “A faculdade forma advogadas para o fórum, não para o mercado. É por isso que tantas profissionais se perdem nos primeiros anos de atuação”, observa.

Ela destaca que o ponto de virada para muitas alunas é o momento em que compreendem seu nicho de atuação e aprendem a comunicar valor com clareza. “Elas saem da lógica do preço por hora e começam a oferecer soluções jurídicas personalizadas. Isso muda tudo”, afirma.

Ao oferecer um espaço de escuta, capacitação e estratégia, a mentoria jurídica liderada por Siglia Azevedo representa uma resposta concreta aos desafios enfrentados por mulheres na advocacia contemporânea — promovendo não apenas sobrevivência profissional, mas realização, sustentabilidade e transformação.