Alta de ações de tecnologia sustenta Wall Street em meio a temores com economia dos EUA

4 de junho (Reuters) - As ações dos Estados Unidos fecharam em leve alta nesta quarta-feira, impulsionadas pelo bom desempenho de ações do setor de tecnologia. O movimento positivo, no entanto, ocorreu em meio a uma crescente apreensão causada por indicadores econômicos negativos e pela política comercial errática da istração do presidente Donald Trump, em seu segundo mandato.

Dados divulgados mostraram que o setor de serviços norte-americano encolheu em maio pela primeira vez em quase um ano, enquanto empresas relataram aumento nos preços de insumos. O cenário reforça o risco de uma combinação prejudicial de crescimento econômico lento com inflação elevada.

Outro sinal de alerta veio do Relatório Nacional de Emprego da ADP, que apontou a criação do menor número de vagas no setor privado em mais de dois anos. O mercado agora aguarda os dados oficiais de emprego que serão divulgados na sexta-feira, em busca de mais evidências sobre os impactos da instabilidade comercial no mercado de trabalho dos EUA.

No mesmo dia, Washington anunciou a duplicação das tarifas sobre aço e alumínio importados, que aram a 50%. A medida coincide com o prazo final estabelecido por Trump para que os parceiros comerciais apresentem contrapropostas a fim de evitar novas penalidades que devem entrar em vigor no início de julho.

As atenções dos investidores continuam voltadas para as negociações tarifárias entre os Estados Unidos e seus parceiros, em especial a China. É esperado que Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, conversem ainda esta semana, em meio à escalada de tensões entre as duas maiores economias do mundo.

“Se não conseguirmos chegar a um acordo com a China, a guerra tarifária continuará sendo o principal assunto nos próximos meses e afetará tanto a economia doméstica quanto a internacional”, alertou Phil Blancato, CEO da Ladenburg Thalmann Asset Management.

Maio foi o melhor mês para os índices S&P 500 e Nasdaq desde novembro de 2023, impulsionado pelo arrefecimento do discurso mais agressivo de Trump sobre comércio internacional e pelos resultados positivos de grandes empresas.

O índice S&P 500 permanece a menos de 3% de seu recorde histórico, registrado em fevereiro. Diante disso, o banco Barclays se juntou a outras corretoras ao elevar sua projeção para o índice ao fim do ano, citando a redução da incerteza comercial e expectativas de normalização no crescimento dos lucros em 2026.

Por volta das 11h56 no horário de Nova York, o índice Dow Jones subia 40,62 pontos (0,10%), atingindo 42.560,26. O S&P 500 avançava 10,64 pontos (0,18%), chegando a 5.981,00. Já o Nasdaq ganhava 54,24 pontos (0,28%), alcançando 19.453,20.

Entre os 11 principais setores do S&P 500, seis fecharam em alta, com destaque para o setor de serviços de comunicação, que subiu 0,8%.

As ações da Hewlett Packard Enterprise (HPE) subiram 1,8%, impulsionadas pela forte demanda por seus servidores voltados à inteligência artificial e pela área de nuvem híbrida, o que fez a empresa superar estimativas de receita e lucro no segundo trimestre.

A fabricante de chips GlobalFoundries (GFS) avançou 2% após anunciar planos de ampliar seus investimentos para US$ 16 bilhões.

Em movimento contrário, a Tesla (TSLA) caiu quase 3% devido à queda nas vendas por cinco meses consecutivos nos principais mercados europeus.

As ações da empresa de cibersegurança CrowdStrike (CRWD) recuaram 5,4% após a companhia projetar uma receita trimestral abaixo do esperado.

Já a varejista de descontos Dollar Tree (DLTR) teve uma queda expressiva de 7,5%, ao prever uma queda de até 50% no lucro ajustado do segundo trimestre, citando a volatilidade gerada pelas tarifas como principal fator.

Na Bolsa de Nova York, o número de ações em alta superou o de papéis em baixa numa proporção de 1,63 para 1. No Nasdaq, a proporção foi de 1,33 para 1.

O S&P 500 registrou 20 novas máximas em 52 semanas e nenhuma nova mínima. Já o Nasdaq teve 71 novos picos e 27 novas mínimas no mesmo intervalo.

Reportagem de Kanchana Chakravarty e Sukriti Gupta, em Bengaluru; edição por Devika Syamnath