Ataque de Israel ao Irã isola Trump e abala equilíbrio global, avalia diplomacia brasileira
Diplomatas brasileiros veem enfraquecimento de Trump como “xerife global” e alertam para descontrole bélico com efeitos geopolíticos imprevisíveis
247 - O bombardeio lançado por Israel contra o Irã na noite de quinta-feira (12), no horário de Brasília, provocou impactos que ultraam as fronteiras do Oriente Médio e colocam em xeque a liderança internacional dos Estados Unidos. A análise é de integrantes da equipe que assessora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em temas de política externa.
De acordo com os diplomatas ouvidos pela coluna da jornalista Daniela Lima, do g1, o governo brasileiro, neste momento, adota a narrativa de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não participou da decisão pelo ataque israelense. A avaliação, no entanto, é de que o mandatário estadunidense sai enfraquecido do episódio. “Perde força como 'xerife global' e aparece mais como influenciado pelas ações de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, do que como liderança autônoma”, afirmam fontes do Palácio do Planalto.
Um dos analistas ouvidos destacou que “Trump negocia um acordo nuclear com o Irã, que agora fica obrigado a dar uma resposta ao ataque israelense, até para ter um discurso interno. A frente de negociação fica abalada. Mais: a guerra da Rússia na Ucrânia fica, neste momento, em segundo plano, assim como a tentativa de Trump de se mostrar como um negociador da paz. Ele sai menor desse episódio”.
O governo iraniano, por sua vez, nega oficialmente que tenha enviado os cerca de cem drones que, segundo autoridades israelenses, foram interceptados pelo sistema de defesa conhecido como Domo de Ferro. Ainda assim, Teerã promete uma resposta efetiva ao ataque sofrido, o que amplia a tensão regional.
A nova escalada do conflito, segundo a avaliação da diplomacia brasileira, evidencia um distanciamento entre Trump e Netanyahu, contrariando a ideia de alinhamento automático entre os dois líderes. “Trump não tem interesse nessa nova frente de guerra, nem a Europa. A tentativa de reorganizar o continente foi pro beleléu, porque todo o foco nos próximos dias vai ser nisso: Irã versus Israel”, diz um diplomata.
Além dos desdobramentos diretos no Oriente Médio, os diplomatas alertam para o que chamam de “efeito colateral nocivo” do episódio: a sensação de crescente descontrole bélico em escala global. O temor é que a instabilidade se propague para outras regiões onde há tensões latentes, como o conflito entre Índia e Paquistão, e comprometa articulações diplomáticas mais amplas em curso.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: