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Aquiles Lins

Aquiles Lins é colunista do Brasil 247, comentarista da TV 247 e diretor de projetos especiais do grupo.

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Sentado no banco dos réus, Bolsonaro nega tentativa de golpe, performa cinismo e transforma depoimento em ato político

Mentor do golpe adota tom contido, fala ao seu público e mente sobre 8 de janeiro; provas reunidas pela PF sustentam acusação de tentativa de golpe

Jair Bolsonaro presta depoimento durante julgamento de tentativa de golpe de estado. 10.06.25 (Foto: Antonio Augusto/STF)

O interrogatório de Jair Bolsonaro nesta terça-feira (10) marca um momento histórico para a democracia brasileira. Um ex-presidente eleito pelo voto direto depôs como réu, acusado de tentar subverter o regime democrático. O Brasil mostra ao mundo que é capaz de processar e punir, dentro do Estado Democrático de Direito, quem investe contra as instituições.

Durante a oitiva conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro buscou adotar uma postura moderada. Com tom sereno, tentou parecer civilizado e razoável. Recusou-se a confrontos, evitou polêmicas, e fez o possível para parecer um político equilibrado. Essa encenação foi cuidadosamente dirigida ao seu público, que o acompanha com fidelidade e ainda contesta os resultados das eleições de 2022.

Em seu discurso, Bolsonaro negou qualquer articulação golpista. Disse que nunca cogitou um golpe e chamou a ideia de "danosa para o Brasil". Afirmou que jamais atuou fora da Constituição e que não pressionou as Forças Armadas ou seus ministros. Negou ter conhecimento da operação da PRF para dificultar o voto no Nordeste, bem como participação na elaboração da minuta de golpe apresentada por seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid.

Essas negativas não se sustentam diante das provas. Há registros de reuniões, trocas de mensagens, documentos apreendidos e delações que apontam o envolvimento direto de Bolsonaro na tentativa de reverter o resultado das eleições. O relato de Mauro Cid, segundo o qual o então presidente sugeriu alterações no texto da minuta para incluir a prisão de ministros do STF, reforça o papel ativo de Bolsonaro na trama.

Ao negar envolvimento e apelar à sua suposta lealdade à Constituição, Bolsonaro mente. Mente também ao afirmar que não teve responsabilidade sobre os atos de 8 de janeiro. O que houve ali foi a materialização da retórica que ele mesmo alimentou durante meses, por meio de discursos que instigavam o descrédito nas urnas, no Supremo Tribunal Federal e no processo eleitoral.

O depoimento de Bolsonaro entra para a história como símbolo da maturidade institucional do país. A democracia brasileira, embora constantemente ameaçada, dá sinais de que é capaz de reagir com firmeza. O interrogatório é uma etapa importante do processo, mas as provas já reunidas são suficientemente robustas para sustentar sua condenação.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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