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André Barroso

Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto

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Procura-se Carla Zambelli: atropelamento e fuga

De qualquer forma, mesmo nos roteiros mais aventurescos como no filme Prenda-me Se For Capaz, o bandido não consegue fugir a vida toda.

Carla Zambelli. Foto: Pablo Valadares / Agência Câmara

Parece roteiro de filme. Zambelli, a musa da era Bolsonaro, aquela que representa a extrema direita no Brasil, para fugir do cumprimento da pena de 10 anos, resolveu fugir do Brasil. Quando foi condenada, arranjou uma doença para não ser presa. Relatou que tinha depressão, Síndrome de Taquicardia Postural Ortostática e Síndrome de Ehlers-Danlos. Apesar de o governo considerar algumas doenças como Tuberculose, Hanseníase, Alienação Mental, Cegueira, Esclerose Multipla, Cardiopatia Grave, entre outras, a tática de negociar uma doença é uma ação comum para emocionar a população e os juízes. Como bandidos e sociopatas nunca pensaram nisso? Temos que lembrar, que Lula, que já teve câncer na laringe, enfrentou a cadeia injusta na época do golpe e não saiu até ser considerado inocente. Esse é o primeiro movimento que a extrema direita usa.

Mas Zambelli teve muita saúde para perseguir sacando uma arma de fogo o jornalista Luan Araújo. Zambelli atuou como cão de guarda nos atos nas tentativas de golpe no Brasil. Zambelli ainda zombou da condenação de Lula. Disse ela: "Eu venho aqui pedir para a Polícia Federal, para o Ministério Público, para o Judiciário: ajudem o Lula, está chegando o Natal, deixa o Lula ar o Natal com a família dele, os filhos bota eles na cadeia junto". Mas para além de seu posicionamento fascista, sua condenação, com unanimidade pela primeira turma do STF, se deve a falsidade ideológica, em ação que envolveu o hacker Walter Delgatti Neto, financiando e orientando para a prática de crimes digitais, incluindo a invasão dos sistemas do CNJ e a falsificação de um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Não é pouca coisa. 

Agora a saída, foi através do aeroporto. Fará como disse, da mesma forma que Eduardo Bolsonaro. Pedindo licença do cargo para viver no exterior. Como nesse caso houve condenação, já está sendo considerado como fuga estratégica. O STF pode emitir um mandado de prisão internacional via Interpol e solicitar a extradição de Carla Zambelli de Portugal, onde ela está, ou da Itália, para onde planeja ir, pois tem cidadania italiana. Aliás, uma fuga com contextos de criminoso, pois saiu pela fronteira com a Argentina para não ser pega pela Polícia Federal no aeroporto. Esse é o segundo movimento que a extrema direita usa.

Zambelli foi atuante nas redes sociais de grupos bolsonaristas, onde insuflou todo tipo de conteúdo golpista, de ódio e de desinformação possível. Desfilava com armas e metralhadoras para quem quisesse ver. Essa habilidade agora será feita na Itália, continuando destilando ódio pelas redes sociais. Lembrando que recentemente trocou suas redes sociais pela da mãe, para não perder o o. Ela fará o mesmo que Eduardo Bolsonaro e ficará desfrutando da liberdade, vivendo com a vaquinha que ganhou na internet, e criando cortes para a extrema direita. Provavelmente, terá uma rede de apoios como Bolsonaro, afinal o partido Fratelli d'Italia, da primeira-ministra Giorgia Meloni é maioria no país. Esse é o terceiro movimento que a extrema direita usa.

Mas como agora é procurada pela Interpol, pode ter uma chance de perder esse apoio no país, o que não acontece com Eduardo Bolsonaro. O problema nesse momento é ela crescer até a prisão e o mais importante: tentando mostrar isenção ideológica e respeitando todo o trâmite jurídico, como o STF e Polícia Federal vão agir diante de uma prática de fuga? Ficará muito ruim depois de meses de trabalho bem feito, ficar a ver navios e condenados desfrutando da liberdade.  Receber vídeos de Zambelli , se aproveitando do jet-set internacional, mostrando que está frequentando as praias Cala Goloritzé ou Spiaggia di Chia, reclamando que teve que fugir apinhada em um carro nacional. 

Mais uma vez o destino, esse roteirista de segunda, viera ao socorro de Zambelli. Isso se ela não acertou algum cachê. De qualquer forma, mesmo nos roteiros mais aventurescos como no filme Prenda-me Se For Capaz, dirigido por Steven Spielberg com Leonardo DiCaprio e Tom Hanks, o bandido não consegue fugir a vida toda. Só espero que ela pague por todos os crimes que foi condenada e não acabe como o final do filme de Butch Cassidy e Sundance Kid.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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