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Camilo Irineu Quartarollo

Autor de nove livros, químico, professor de química, com formação parcial em teologia e filosofia.

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O despenseiro

A CONAB assemelha-se ao conjunto de silos do Egito, para se precaver dos tempos das vacas magras

(Foto: DIVULGAÇÃO)

Hoje, se você se sentar num boteco para comer um prato feito, vai perceber que a porção de arroz é maior que a do feijão e do bife. 

No Egito, o José bíblico cuidava dos silos de trigo e havia pão para todo mundo. Posto que a fome foi vaticinada por ele próprio, um elucidador de sonhos bem antes de Freud. O jovem hebreu disse que viriam sete anos de vacas magras depois dos sete anos de vacas gordas e, assim, mesmo tendo pães nos bons tempos, nos da miséria faltaria o trigo e os insumos para o pão – de nada valeriam os grandes fornos das comunidades. Talvez a destruição de trigais por gafanhotos, invasão de plantas exóticas ou intempéries, desiquilíbrio ambiental, atualmente temos as crises climáticas aqui e acolá – por certo, as pragas do Egito séculos após José são mais que as dez descritas no Êxodo, a começar das algas vermelhas. A concentração populacional do Egito e os problemas ambientais trouxeram doenças aos descendentes do mundo antigo.

Contudo, José antecipara-se na área econômica. Sob seu cetro, caçou as raposinhas dos trigais e economizou parte dos grãos em silos por sete anos da grande produção - das vacas gordas. Quando adveio o tempo das vacas magras e fome no mundo – a peste nos trigais do reino, ele repôs a parte que guardara nos silos. O preço ficou no patamar de um operário das pirâmides, por sua sábia gestão istrativa. Atualmente, na virada de governo, houve um escândalo clamoroso além do fatídico 08 de janeiro. Os armazéns da CONAB foram deixados praticamente sem arroz estocado. O governo Bolsonaro fechara 27 unidades da CONAB – era um dos desmontes. Mostrando uma política predatória neoliberal, contrária ao que faz um José bíblico e do caráter de um hebreu previdente. Perdida em meio à pauta da rataria e invasão dos poderes, a imprensa não deu nem tchum ao baixíssimo estoque do arroz. Contudo, na grande enchente do Rio Grande do Sul de 2024, a qual começou pelas comportas sobre a Porto Alegre entristecida, veio a carestia com lavouras inteiras do arrozal sob as águas, como pragas sobre o Nilo. A CONAB assemelha-se ao conjunto de silos do Egito, para se precaver dos tempos das vacas magras ou ambições desmedidas do Mercado. Com a despensa vazia, o governo Lula acenou com a compra de arroz da Tailândia. Contudo, comprar arroz no tempo das vacas magras não é tão oportuno, o produto é caro. A estratégia de José bíblico só daria certo se comprasse no tempo das vacas gordas, quando está barato, para guardar nos armazéns. Contudo, o ciclo virtuoso reiniciara-se e atualmente o preço do arroz está à metade que em 2024. Os arrozais recuperaram e os estoques da CONAB também aumentaram.

O Cepea – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, de 04 de junho de 2025, informa que o arroz em casca teve queda no preço de 41% nos últimos 12 meses, retornando aos valores cobrados em maio de 2022. Isso no mercado do atacado. Hoje na gôndola dos supermercados o saquinho de arroz está quase à metade do tempo da enchente no Sul, das vacas magras. 

No geral, ainda estamos no tempo de vacas magras, os preços estão desregulados e a CONAB correndo atrás do prejuízo – salve-nos São José!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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