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Marcelo Uchôa

Advogado e professor de Direito

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Mulheres e Comissão de Anistia

"Guerreiras mostram como o Ceará foi importante na resistência à ditadura", destaca Marcelo Uchôa

Protesto de mulheres contra a ditadura militar (Foto: Divulgação)

Neste mês das mulheres, a Comissão de Anistia homenageou militantes que dedicaram a vida ao país. Dentre elas, cinco cearenses: Jana Barroso, desaparecida no Araguaia; Mércia Pinto, presa, radicada em Brasília; Nancy Soares e Helena Serra Azul. A quinta, Mariana Cavalcante, teve pedido de anistia concedido. Comento sobre as três últimas.

Nancy Lourenço Soares, recém-falecida em Recife, militou na Fração Bolchevique Trotskista. Antes mesmo de ingressar na Faculdade de Direito, foi a primeira mulher presidenta da União Estadual dos Estudantes no Ceará. Já entrou na UFC como furacão político, mobilizando e ajudando a arregimentar multidões nos eventos estudantis que sacudiram o estado no período 68. Companheira desde sempre do sociólogo Arlindo Soares, casou por procuração devido às dificuldades da época. Ambos foram sequestrados, torturados e presos.

Helena Serra Azul Monteiro, professora aposentada de medicina da UFC, é ícone. Viúva de Francisco Monteiro, formou o casal do PC do B conhecido como Helena concentração e Chico eata. Helena deu à luz na cadeia: Manoelzinho ou quase um ano na prisão.

O terceiro caso é único. Mariana Cavalcante Ferreira é filha de duas das mais expressivas lideranças estudantis da época: Ruth Cavalcante (professora recentemente laureada pela UFC com o título de Doutora Honoris Causa) e João de Paula Monteiro Ferreira (empreendedor), presidente do Diretório Central dos Estudantes da UFC. Ambos foram presos. Do cárcere o casal foi para o exílio. Mariana nasceu em Frankfurt. Lá, teve negado pedido de nacionalidade pelo Consulado brasileiro. Uma violência direta aplicada pelo Estado contra ela, não bastasse nascer no exílio e viver sob a constância de traumas geracionais.

Mariana tem Down. Enfrenta obstáculos mais difíceis que os de outras mulheres já oprimidas pelo patriarcado. O fato nunca impediu que ela expressasse consciência cívica: é figura carimbada em manifestações de defesa da democracia. Merecidamente recebeu o pedido de perdão do Estado brasileiro.

Estas guerreiras mostram como o Ceará foi importante na resistência à ditadura e como a Comissão de Anistia reconhece esse valor.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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