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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Militares são um bando de frouxos

“O interrogatório de Mauro Cid expôs os golpistas fardados como covardes”, escreve o colunista Moisés Mendes

Mauro Cid no STF - 09/06/2025 (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O delator Mauro Cid resumiu numa frase, que atribuiu aos homens das chamadas forças especiais do Exército, quase tudo o que disse sobre os colegas de alta patente durante o interrogatório no Supremo. 

Cid repetiu essa frase-síntese das queixas nas confrarias dos kids pretos: “Militar é um bando de frouxo”. Enquanto se dedicavam a elocubrações sobre o golpe, os militares das forças especiais – que teriam a missão de matar Lula, Alckmin e Moraes – lamentavam a inércia das chefias.

Os relatos de Cid sobre o comportamento dos colegas levaram à conclusão de que os generais eram uns frouxos. Como foram frouxos os próprios kids ao recuarem da tarefa a eles atribuída, como soldados de elite, de consumar os assassinatos do plano do Punhal Verde Amarelo.

Talvez se salvassem da frouxidão, mas não foram citados por Cid, o soldado e o cabo que, segundo Eduardo Bolsonaro, poderiam fechar o Supremo. O balanço geral do dedo-duro é implacável com as chefias.

Cid foi, diante de Moraes e Paulo Gonet, um coronel falando como um soldadinho. Provocado pelo ministro a enquadrar seis réus ali presentes, colocando-os nos grupos que ele mesmo dizia serem de conservadores, moderados e radicais, fez um resumo surpreendente. Porque não se lembrava de como havia enquadrado cada um.

Os ex-ministros da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto seriam moderados. Alexandre Ramagem, Anderson Torres e Augusto Heleno não seriam enquadrados por ele em nenhuma classificação. E Almir Garnier seria o único radical.

Sobrou radicalidade só para o almirante ex-chefe da Marinha, já dedurado como uma das vozes mais fortes do golpismo, o único dos comandantes das três armas a ficar com Bolsonaro até o fim.

O grupo dos radicais teria, no núcleo crucial, apenas um integrante. O núcleo duro do golpe era formado por oficiais medrosos. Freire Gomes não seria, na definição de Braga Netto, o único cagão entre os líderes militares. Todos eram frouxos ou meio cagões, com exceção de Garnier.

Não seriam covardes, sob o ponto de vista dos kids, mas não estão no primeiro grupo de réus interrogados, os generais Mario Fernandes e Theophilo Gaspar de Oliveira. Ambos foram citados por Cid como militares representantes das alas radicais das Forças Armadas. 

Outros já foram apontados coimo golpistas impositivos nos 12 depoimentos que deu à Polícia Federal. Mas todos, no desfecho da tentativa de golpe, foram expostos como frouxos ou, segundo outra definição de Cid, apenas ”bravateiros”.

O que já se sabia e Cid reafirmou é que, enquanto grileiros, traficantes e garimpeiros tomavam conta da Amazônia, oficiais das forças especiais do Exército participavam do que Moraes definiu como “conversas recreativas” sobre o golpismo.

E chamavam os comandos de frouxos, sempre à espera de uma manifestação mais incisiva dos militares em apoio aos acampados, do aumento da pressão para que Bolsonaro assinasse a minuta do golpe e de ações que disseminassem o caos e ajudassem a derrubar Lula.

Cid explicou por que dividia os grupos de militares em conservadores, moderados e radicais: “Era coisa da minha cabeça”. Porque, teve que explicar, eles não eram organizados nessas três classificações.

O que Cid não disse, nem precisava dizer, é que havia acima de todos um grande grupo, talvez o único que nunca irá desencadear controvérsias. Era o imenso, o monumental, o fantástico grupo dos frouxos.

O grupo que incluía Braga Netto e Bolsonaro. O grupão dos que planejaram um golpe, fugiram e entregaram a tarefa aos 5 mil manés invasores de Brasília.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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