Cristina Kirchner já esperava que seria presa e apoiadores reagem

A ex-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, de 72 anos, já esperava a decisão da Suprema Corte de Justiça que a condenou, nesta terça-feira, à prisão. “A Justiça bloqueia o voto popular”, disse ela, diante de uma multidão de apoiadores. Ela seria candidata a deputada provincial na eleição de setembro. Seus eleitores realizaram cânticos contra a Justiça e contra Milei.

A Suprema Corte decidiu torná-la inelegível e que ela cumpra seis anos de prisão domiciliar por ter mais de 70 anos de idade. A ex-presidenta não poderá apelar contra a decisão. O processo que começou em dezembro de 2022. No fim de semana, já eram fortes os rumores de que ela seria condenada e presa. Na segunda-feira, na véspera da decisão da Corte, Cristina fez um longo discurso para seus seguidores recordando os peronistas que foram condenados ou mortos por opositores. Foi um claro sinal de que já esperava pela sentença que a colocaria presa e fora da corrida eleitoral. Na semana ada, durante entrevista ao canal C5N, ela anunciou que seria candidata nas eleições locais do dia 7 de setembro. Afirmou que a queriam “morta ou presa” e recordou quando quase foi assassinada na porta de sua casa, em Buenos Aires. Na entrevista, ela fez fortes críticas contra Milei e o ex-presidente Macri. A ex-presidenta disputaria uma cadeira de deputada provincial pelo distrito mais populoso da província de Buenos Aires, a maior do país, e onde, certamente, teria ampla votação. A Corte a condenou quando falta pouco mais de um mês para o fim do prazo do registro das candidaturas, no dia 19 de julho. O caso contra a ex-presidenta começou em 2008, a partir de uma denúncia da ex-deputada Elisa Carrió, opositora de Cristina. Em 2016, o processo, que envolve obras públicas, foi ampliado. Cristina Kirchner considera ser perseguida pela Justiça. Desde segunda-feira, diante da expectativa da decisão da Justiça, seus apoiadores realizam ampla manifestação na porta de sua casa e do Partido Justicialista (peronista). Pouco depois da decisão da Corte, Cristina falou ao público, diante de cânticos de respaldo – “estaremos com você, onde você estiver”. Outros cânticos: "Cristina, Cristina, um só coração."

Nas últimas horas, Cristina tinha conseguido reunir – unir – setores do peronismo, que, principalmente a partir da eleição de Milei, em 2023, tinha intensificado sua fragmentação. A maior central sindical do país, a CGT, condenou a decisão judicial e chegou a afirmar que “a democracia está em risco”.