Bolha financeira pode estourar guerra civil nos Estados Unidos
Conflitos internos, agravados por concentração de renda e desigualdade social, característica essencial do capitalismo americano, acirram as contradições
O espectro do crash de 1929 e de 2008 rondam novamente os Estados Unidos, prenunciando estouro de bolha financeira especulativa.
O presidente Trump e o Tribunal do Comércio Internacional (TCI) protagonizaram o grande confronto da semana que pode se desdobrar na debacle da financeirização econômica global, como alertam especialistas.
A guerra tarifária é o reconhecimento de que a financeirização está entrando em crise com aceleração da desdolarização.
Só a China, nos últimos 30 dias, desacoplou do dólar, vendendo 50 bilhões da moeda americana.
Isso levou o presidente do BC americano, Jerome Powell, à Casa Branca, às pressas, para avisar o presidente Trump que estará sendo obrigado a emitir, em última instância, se o mercado não cobrir as necessidades de financiamento do Tesouro, em 2025.
Esse ano, diz o mercado, a dívida pública deve alcançar 37 trilhões de dólares e o FED precisará pagar cerca de 2 trilhões de dólares para rolar a dívida pública.
Precisa que o mercado compre os títulos do tesouro, para cobrir o buraco, mas essa certeza Powell não tem mais, se a China colocou 50 bilhões de suas reservas de um total de 780 bilhões.
Ele precisa de dinheiro, mas está vendo este escapulir por meio da maior potência comercial do planeta.
O Japão, maior detentor de dólares, em torno de 1,1 trilhão, está fazendo o papel de financiador, no carry trade, vendendo dólar a juro de 0,5% para os tomadores venderem a 4,5%(inflação americana) ao tesouro americano.
Mas, até quando o Japão continuará fazendo esse papel de rolar os papagaios americanos, se vê a China vendendo suas reservas, temerosa de possíveis sanções, aplicadas por Trump, como o ex-presidente Biden fez com a Rússia?
O clima é de guerra monetária.
Desesperado, Trump pressiona Jerome Powell a reduzir as taxas de juros, para favorecer o combate ao déficit comercial por meio de realização de superávit, mas Powell está sob pressão dos financistas – do deep state – que precisam do juro alto, para continuar comprando títulos do tesouro.
O mercado já alerta que pode haver tremor de terra a qualquer momento, se a desdolarização se acelerar.
RESERVAS BRASILEIRAS AMEAÇADAS - Certamente, os 350 bilhões de dólares que o governo brasileiro possui em reservas tenderiam a se desvalorizar, no ambiente de incerteza que está pintando.
Não terá chegado a hora de Lula fazer o que Xi Jinping está fazendo: desfazer do dólar, antes que vire papel de parede?
Dilma Rousseff, ex-presidenta do Brasil e presidenta do Banco do BRICS, já prega relações de trocas comerciais em moedas locais, prevendo a bancarrota da moeda americana.
É nesse contexto, realmente, explosivo que Trump entrou em confronto com o Tribunal Comercial Internacional (TCI).
O TCI questiona que quem tem poder para fazer política comercial nos Estados Unidos não é o executivo, mas o Congresso, o verdadeiro poder americano.
E agora? - Trump quer combater o déficit comercial explosivo que ameaça as finanças americanas com tarifas elevadas de importação, mas os congressistas concluem que quem está gerando renda disponível para o consumo, de modo a girar a economia, não é mais a economia real, mas a especulação financeira.
A economia real já não sustenta uma taxa de lucro satisfatória para garantir a acumulação capitalista, simplesmente, porque não a a concorrência chinesa.
E quanto mais Trump acelera a guerra tarifária, o resultado pode ser o que os americanos mais temem: inflação.
Não é à toa que o especulador Elon Musk, sabendo do perigo que seus negócios correm com a guerra tarifária, pois depende da especulação financeira para concorrer com os chineses, pulou fora do governo, nesta semana.
Para combater a inflação, o FED só tem o remédio clássico: aumento da taxa de juro.
Mas, aí, mora o perigo: juro mais alto, contra o qual Trump briga com Jerome Powell, afeta a dívida pública, fonte de preocupação dos fundos de investimentos, temerosos de que não se encontre compradores para os títulos do tesouro, na escala necessária para rolar o endividamento recorde de 37 trilhões, que exigirão pagamentos de cerca de 2 trilhões para serem rolados.
Conflitos internos, agravados por concentração de renda e desigualdade social, característica essencial do capitalismo americano, acirram as contradições internas.
É nessa hora que a elite americana busca culpados, bodes expiatórios, para punir: emigrantes, guerras, invasões, conflitos etc.
O império está no seu momento decisivo.
O Brasil vai esperar o barco virar para pular fora?
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