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‘Vaca Muerta’: por que o megacomplexo energético argentino é decisivo para o Brasil e a região, segundo especialistas

Este foi o assunto central do evento em Bariloche promovido pelo Brasil 247, pelo canal argentino C5N e pelo jornal argentino Ámbito Financiero

Gasoduto que transporta o gás de Vaca Muerta (Foto: Reuters)
Redação Brasil 247 avatar
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Por Marcia Carmo, de Bariloche, na Patagônia – Nesta semana, especialistas da área energética do Brasil e da Argentina se reuniram no evento ‘Encontro de Energia e Produção - Río Negro 2025’, na cidade de Bariloche, nesta província, no sul argentino. O complexo gigante de hidrocarbonetos (gás e petróleo não convencionais) chamado de ‘Vaca Muerta’ é o segundo maior do mundo, de acordo com levantamentos internacionais. 

O diretor de gás do Ministério de Minas e Energia do Brasil, Marcello Gomes Weydt, falou sobre a importância estratégica do gasoduto que deverá levar gás natural ao mercado brasileiro. No ano ado, o nome oficial do gasoduto foi mudado pelo governo Milei. ou de Néstor Kirchner, como tinha sido batizado no governo de Cristina Kirchner, líder opositora de Milei, para Perito Francisco Pascasio Moreno. 

 A produção gasífera argentina tem o potencial de, por exemplo, chegar a substituir, no futuro, a importação de diesel dos Estados Unidos, citou Weydt. Mas entre os desafios estão a definição de preços – de longo prazo - que sejam apetitosos para os argentinos e não sejam onerosos para os brasileiros. “Temos que pensar no consumidor brasileiro”, disse diante da plateia de investidores, executivos, especialistas e jornalistas. A integração energética regional de Vaca Muerta foi o fio condutor do discurso do presidente da petrolífera estatal argentina YPF, Horacío Marín, que falou ao público através de um telão e respondendo às perguntas. No evento, falou-se sobre as alternativas energéticas, incluindo a nuclear e a solar. O encontro repercutiu na imprensa argentina. 

 Os ‘descobrimentos’ energéticos de Vaca Muerta começaram em 2010. Ambientalistas costumam observar que o sistema de fracking (fratura hidráulica nas rocas) para a exploração de gás e de petróleo, como no caso de Vaca Muerta, não convencionais precisam de cuidados extremos. Após a retirada do gás e do petróleo dos poços, eles são levados para as usinas onde são processados e depois distribuídos. No evento em Bariloche, a mediadora de um dos painéis, a jornalista Estefanía Pozzo, diretora do Buenos Aires Herald, lembrou que parte da produção desse gás tem sido “queimada” por falta de opção para sua distribuição. 

 Como chega ao Brasil 

 As opções de como o gás de Vaca Muerta pode chegar ao Brasil incluem: embarcações que sairão da província de Río Negro até o Rio de Janeiro, como afirmaram autoridades argentinas, durante o evento em Bariloche, e também, através do gasoduto até a fronteira brasileira, em Uruguaiana, e dali a Porto Alegre, com ramificações que levariam o combustível, com obras feitas pelo Brasil, a diversas regiões do país. 

 Como já é hoje 

A partir de um acordo assinado em 2024 entre o Brasil e a Argentina, desde este ano de 2025 o gás argentino de Vaca Muerta já é enviado para o território brasileiro através do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). Este gasoduto foi construído originalmente para importar gás da Bolívia para o Brasil, mas a produção boliviana desabou e a da Argentina cresce fortemente. Como dizem os especialistas, está sendo realizada uma “reversão do fluxo”. Ou seja, o gás sai da Argentina entra na Bolívia e segue para o Brasil. Mas esta exportação do gás argentino para o Brasil pode ser potencializada depois de definidas as regulamentações e preços conjuntos. 

 A matriz energética brasileira 

 O brasileiro Ricardo Savini, CEO da empresa petrolífera Fluxus, observou que a matriz do setor industrial brasileiro só mudará ou ampliará para gás quando tiver certeza deste abastecimento. “O consumo de gás natural como fonte energética para as indústrias no Brasil é como a história do cachorro correndo atrás do próprio rabo. As indústrias só vão transformar seus motores para gás natural se tiverem a segurança de que terão gás suficiente e barato para que os custos sejam competitivos. E é aí que entra a força de Vaca Muerta”, disse em um dos painéis do evento em Bariloche.

Valor agregado 

O subsecretário de Energia da província de Buenos Aires, Gastón Ghioni, ressalvou que, apesar da importância de se exportar gás para o mercado brasileiro, é preciso pensar também em como distribuí-lo para lugares onde essa energia poderia melhorar a qualidade de vida e a produtividade dos próprios argentinos. Ele defendeu assim uma espécie de equilíbrio entre o mercado interno e o externo – que deverá gerar as tão necessárias divisas para a frágil economia argentina. Ghioni lembrou que o gasoduto já chegou a Salliqueló, na província de Buenos Aires. Mas insistiu: “Precisamos que ele chegue aos lugares da província que não têm gás, que deve ser um gerador de valor agregado e de emprego.” 

 Mas o que é Vaca Muerta? 

A formação geológica de Vaca Muerta fica na província de Neuquén, na Patagônia, e é dali que parte o ‘Gasoduto Perito Moreno’ (ex-Néstor Kirchner), com quase 600 quilômetros de extensão, ando pelas províncias de Río Negro e La Pampa, e chegando à localidade de Salliqueló, na província de Buenos Aires. Seu trajeto tem influência em outras províncias como a de Mendoza. E essa construção tem pelo menos dois objetivos: abastecer a Argentina e exportar para o Brasil, e provavelmente outros países da América do Sul e de outro continentes. Por isso, como comentou o diretor de gás do Ministério brasileiro de Minas e Energia, Marcello Gomes Weydt, o grupo de trabalho sobre o gasoduto de Vaca Muerta tem realizado reuniões frequentes que envolvem, além do Brasil e da Argentina, o Uruguai e o Paraguai, por onde o gás também poderia ar através de interconexão do gasoduto. Direta ou indiretamente eles também poderiam ser beneficiados com uma matriz energética gasífera comum. 

Expectativa de “arrecadar fortunas” e transformar a economia argentina

O complexo de obras que está sendo realizado na Argentina envolve a estatal YPF e empresas privadas argentinas e estrangeiras da área energética e de infraestrutura. Entre as empresas estão Pan American Energy, Pluspetrol, Shell, Teetrol e Tenaris (de tubos para a produção de petróleo e gás), de acordo com a imprensa local. No mês ado, foi anunciado, por exemplo, que a Argentina espera transportar 180 mil barris diários de gás de Vaca Muerta, em Neuquén, para a província de Río Negro até o ano que vem. E que esse número seria quase o triplo em 2027, dependendo do ritmo das obras. O país planeja arrecadar fortunas com essa exploração e resolver sua eterna dificuldade de recursos para gerar riquezas e fechar suas contas no azul. Sabe-se que esses são objetivos de longo prazo e ainda há muito caminho e debates para que sejam alcançados. 

Preocupação: “primarização” 

Há quem se preocupe, como o subsecretário de Energia da província de Buenos Aires, Gastón Ghioni, que a Argentina não corra o risco da “primarização” dessa economia, sem que ela se ramifique para uma maior industrialização, bem-estar dos argentinos e geração de postos de trabalho. Uma fonte brasileira da área energética disse à reportagem do Brasil 247 que “a diferença entre a Bolívia, a Argentina e o Brasil é exatamente essa, a de que o Brasil está mais voltado para a industrialização”. 

Bolívia: produção em declínio 

É um momento em que a Argentina aumenta sua produção de gás natural enquanto que a Bolívia, que era a principal exportadora dessa energia para os mercados argentino e brasileiro, encolhe fortemente neste recurso que é fundamental para sua economia. A queda na produtividade das reservas bolivianas tem provocado uma crise que envolve a política, a economia e o social. O país tem encarado filas para o abastecimento de combustíveis e menos recursos financeiros para as medidas que vinham contribuindo fortemente para a redução da pobreza e da desigualdade social. Esse quadro tem influenciado diretamente o debate político no país e a disputa entre dois antigos aliados, que agora estão em lados opostos – o ex-presidente Evo Morales, responsável pela nacionalização do gás e do petróleo durante sua gestão e o presidente Luis Arce que diante da impopularidade desistiu de ser candidato à Presidência. 

Milei mudou nome do Gasoduto Néstor Kirchner 

No ano ado, o governo Milei mudou o nome do Gasoduto que tinha sido batizado por Cristina Kirchner. Desde 2024, ele se chama, oficialmente, de ‘Gasoduto Perito Francisco Pascasio Moreno’ – cientista, geógrafo e botânico histórico principalmente na região da Patagônia argentina e chilena. Mas entre técnicos ainda continua sendo chamado ‘Néstor Kirchner’. 

Por que o nome Vaca Muerta? E a defesa de “Vaca Viva” 

Existem várias versões sobre o nome. Uma delas é que teria sido assim chamada pelos povos originários e outra que teria sido nomeada pelo geólogo dos Estados Unidos Charles Edwin Weaver (1880-1958) em 1931. Hoje, na Argentina, muitos defendem que Vaca Muerta e a ser chamada ‘Vaca Viva’ diante de sua abundância energética. 

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